Bastonário dos Médicos quer testes rápidos a quem está nas mesas de voto. Morreram dois médicos com covid

Miguel Guimarães lembrou a alta taxa de positividade da covid e afirmou que são precisos mais recursos humanos para a saúde pública e para os hospitais. Bastonário revelou que dois médicos morreram nos últimos dias com covid.

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Miguel Guimarães, bastonário dos médicos Rui Gaudencio

O bastonário dos Médicos defendeu que devem ser feitos testes rápidos às pessoas que vão estar nas mesas de voto no próximo domingo. Miguel Guimarães lembrou a alta taxa de positividade da covid, no total de testes feitos, e defendeu que é preciso aumentar, de uma forma geral, a capacidade de testagem. Assim como são precisos mais recursos humanos para a saúde pública e para os hospitais.

O responsável foi ouvido, esta quinta-feira, na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia. Uma audição que começou depois de o Primeiro-Ministro ter anunciado o encerramento das escolas por 15 dias, medida que saudou, considerando que já devia ter sido tomada.

Na intervenção inicial, o bastonário dos médicos lembrou que as eleições presidenciais acontecem numa “situação complexa” e “se cada candidato tiver o seu representante, vamos ter quase 140 mil pessoas nas mesas de voto, além das pessoas que vão votar”. “O problema dos grandes aglomerados de pessoas, é que constituem um foco de transmissão, mesmo que estejam protegidas ou aparentemente protegidas pois muitas pessoas continuam a não usar a máscara de forma adequada.”

“Seria importante fazer testes rápidos às 140 mil pessoas que vão estar nas mesas de voto para garantir que não estão infectadas”, defendeu Miguel Guimarães, lembrando que a taxa de positividade está acima dos 17% e que é “fundamental aumentar a capacidade de testagem” e reforçar a saúde pública, “como nunca foi até agora”, para quebrar cadeias de transmissão.

Miguel Guimarães voltou a dizer, em resposta aos deputados, que “existem hospitais em que a medicina de catástrofe já está a ser feita”, lembrando que há “ambulâncias à porta com doentes graves sem espaço para entrar” nas urgências dos hospitais. Já na intervenção inicial, o bastonário tinha referido a questão quando falou do sofrimento a que os médicos estão a ser sujeitos e defendeu maior clareza e verdade no discurso feito à população.

“Existem muitas dificuldades no terreno”

“É fundamental que portugueses percebam que coisas não estão a correr bem, que existem muitas dificuldades no terreno. Não podemos continuar a deixar as pessoas morrer à porta dos hospitais nas ambulâncias”, afirmou Miguel Guimarães, que pediu um modelo de informação diferente. “É fundamental perceber quantas altas são dadas por dia, quantos doentes entram, quantos morrem e onde morrem, assim como informação sobre profissionais de saúde. Há muito tempo que não é dado informação sobre os profissionais de saúde. Só nos últimos dois dias faleceram dois médicos com covid-19, que estavam obviamente a trabalhar. Esta é uma realidade que nos começa a escapar”, referiu.

Miguel Guimarães disse que “há médicos a fazer 24 sob 24 horas por falta médicos”. “Há médicos que têm de lidar com situações desastrosas de ter doentes à espera porque não há espaço. Há dificuldade nos internamentos e nos cuidados intensivos, a gestão integrada da situação é complexa e os médicos estão em sofrimento”, disse, salientando que é preciso reforçar as unidades com recursos humanos, técnicos, equipamento e espaço.

Para o bastonário, “não há dúvida” que a situação da pandemia não foi avaliada e que o confinamento deveria ter sido mais apertado. “Não foi só o Natal. É também a forma como comunicamos com as pessoas. Se transmitimos que está tudo controlado, que temos mais camas de cuidados intensivos, que não faltam recursos humanos, damos a sensação que as coisas estão controladas. Não devemos gerar medo, mas temos de dizer a verdade às pessoas”, afirmou o representante dos médicos, considerando que Portugal deveria ter adquirido todas as vacinas possíveis contra a covid.

Questionado sobre o recurso aos sectores privado e social para apoiar o SNS, Miguel Guimarães afirmou que “neste momento devemos usar os vários recursos de saúde que existem no país”. “O mais importante é salvar vidas”, acrescentou, referindo que existem “13 mil camas de internamento e 400 camas entre cuidados intensivos e intermédios” no total dos dois sectores. “É essencial que esta utilização seja feita de forma integrada”, considerou.

Lembrou que em Março a Ordem entregou ao Ministério da Saúde uma “base de dados com 5000 médicos” que estão fora do SNS, entre reformados, privado e social. E que em Novembro voltou a enviar uma nova lista com 940 médicos, dos quais quase 40% estão reformados. Mas disse desconhecer se as listas foram usadas na totalidade.

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