Presidente moçambicano acerta reforço da segurança do projecto de gás natural em Cabo Delgado
Filipe Nyusi esteve reunido na segunda-feira com o presidente da Total, a empresa petrolífera francesa que lidera o empreendimento de exploração na bacia do Rovuma.
O Presidente moçambicano e o presidente da empresa petrolífera francesa Total acordaram na segunda-feira um novo reforço da segurança em redor do empreendimento de gás natural em Cabo Delgado, disse esta terça-feira à Lusa fonte próxima do Governo.
Grupos rebeldes que há três anos desenvolvem ataques na província nortenha de Moçambique intensificaram a sua acção em 2020 e têm-se aproximado do recinto de construção do projecto liderado pela Total, levando a um abrandamento da actividade e à saída das equipas no final do ano por razões de segurança.
“A Total e o Governo estão em sintonia: o que vai acontecer é um reforço das medidas de segurança”, referiu a mesma fonte, sem no entanto detalhar como vai acontecer esse reforço.
Segundo acrescentou, “o projecto é para continuar, mantendo-se as datas previstas”, ou seja, início de exploração em 2024.
Trata-se do maior investimento privado em curso na África Subsariana, avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, e nele reside uma das principais esperanças de desenvolvimento de Moçambique nas próximas décadas.
A 24 de Agosto de 2020, a Total já tinha anunciado uma revisão do memorando de entendimento com o Governo moçambicano para a operacionalização de uma força conjunta com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) para protecção do projecto.
Em esclarecimentos à Lusa, a petrolífera francesa referiu na altura que “a revisão do memorando de segurança reflecte o aumento das actividades na fase de construção e a mobilização de uma maior força de trabalho”.
Até agora têm decorrido sobretudo actividades de engenharia e aquisições (a designada fase de procurement), sendo 2021 o ano para arranque da fase de edificação da cidade do gás e zona industrial para liquefacção do gás a ser puxado para terra desde as perfurações no fundo do mar da bacia do Rovuma.
Ronan Bescond, director-geral da Total em Moçambique, referiu numa conferência em Maputo, em Outubro, que “um ambiente seguro e uma rede de estradas sólida são pré-condições para o projecto cumprir a promessa de catalisar o crescimento e desenvolvimento do distrito de Palma e do país”.
No encontro de segunda-feira, além do Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e do presidente da Total, Patrick Pouyanné, também estiveram presentes o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, e os dois governantes ligados às FDS: o ministro do Interior, Amade Miquidade, e o ministro da Defesa, Jaime Neto.
A violência armada em Cabo Delgado já provocou a morte de cerca de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.