Conte confirma confiança dos deputados antes do teste decisivo no Senado

Primeiro-ministro acredita ter votos para manter o seu Governo em funções depois de ter perdido o apoio de Matteo Renzi. Se falhar, terá de se demitir.

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Conte durante o voto de confiança na Câmara dos Deputados GUGLIELMO MANGIAPANE/Reuters

Em plena pandemia, dias depois de ter perdido o apoio de Matteo Renzi e do seu partido, Itália Viva, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, pediu ajuda aos deputados para “remediar” os danos que a crise política causou à reputação da Itália “em todo o mundo”. “Ajudem-nos”, repetiu. “O futuro do país depende das escolhas feitas agora.”

Como esperado, o voto de confiança foi aprovado pela maioria da Câmara dos Deputados, onde bastaram a Conte os principais partidos da coligação, o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático, para além do movimento Livres e Iguais. Como tinham anunciado, os eleitos que integram o IV abstiveram-se.

À direita, Liga, de Matteo Salvini, Força Itália, de Silvio Berlusconi, e Irmãos de Itália, de Georgia Meloni, votaram contra e pediram eleições.

Conte teve 321 votos a favor, 259 contra a 27 abstenções, obtendo mais seis votos do que a maioria absoluta de 315.

“É um facto político muito importante”, comentou o líder do PD, Nicola Zingaretti. Do 5 Estrelas, o senador Vincenzo Crimi descreveu uma “resposta justa aos cidadãos” e pediu que se “vire a página”. A reacção do LeU sublinha que “o dado político é que Conte tem uma maioria auto-suficiente”. Responde Renzi que é “escassa”. “Veremos no Senado. Basta um voto a mais para ter a confiança, mas isso significaria muitas dificuldades nas comissões”, avisa.

Com excepção da oposição de direita, todos deverão tentar evitar a ida às urnas. Um desfecho que atrasaria o início da chegada dos 209 mil milhões de euros do Fundo de Recuperação da União Europeia – no centro das divergências entre Conte e Renzi está a sua utilização – e entregaria a governação a Salvini.

Se na câmara baixa Conte tem maioria sem Renzi, no Senado, onde se vota na terça-feira, precisa dos seus 18 eleitos. Entre próximos de Renzi e senadores da direita, o primeiro-ministro acredita que convenceu senadores suficientes. Mas nada é certo. Sem maioria, Conte deverá demitir-se, podendo seguir-se uma tentativa sua para redesenhar uma coligação ou um “governo de salvação”, como o que foi liderado por Mario Monti em 2011. Se tudo falhar, restam as eleições.

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