João Rodrigues, Galapito e O Velho Eurico vencem prémios Mesa Marcada
Na cerimónia deste ano foram anunciados o top 10 dos restaurantes e dos chefs de Portugal e prémios especiais como o novo de take-away, conquistado pelo Essencial.
Se o primeiro lugar não mexeu – João Rodrigues e o Feitoria continuam imbatíveis pelo quinto ano consecutivo – o segundo restaurante e respectivo chef mais votados foram uma novidade: o Prado, em Lisboa, e o seu chef, António Galapito, ocupam em 2020 o segundo lugar no top dos 10 restaurantes preferidos na votação do site Mesa Marcada (ambos subiram dois lugares em relação a 2019).
Os resultados da votação foram anunciados hoje numa cerimónia transmitida a partir de São Paulo, no Brasil, onde se encontra Miguel Pires, que é, juntamente com Duarte Calvão, o responsável pelo blogue que em 2020 se transformou num site de gastronomia.
O terceiro lugar, quer na lista dos restaurantes quer na dos chefs, foi para o Ocean e para Hans Neuner e o quarto, no caso dos restaurantes representa uma subida fulgurante: o Essencial subiu dez lugares, para a quarta posição, enquanto o seu chef, André Lança Cordeiro, subiu 12 lugares, para se instalar na quinta posição no top de melhores chefs – um lugar acima de José Avillez, que, tendo descido quatro, ocupa agora a sexta posição.
Bem colocado também, em ambos os tops, está o Euskalduna (5º no top dos restaurantes) e Vasco Coelho Santos (em quarto lugar no top dos chefs). Outra grande surpresa deste ano foi a entrada para o top tem do restaurante vegetariano de Lisboa Arkhe, de João Ricardo Alves, que está no 9º lugar, tendo galgado 14 posições.
É sempre interessante olhar para um prémio que distingue um restaurante com uma boa relação qualidade/preço, o Mesa Diária, que este ano foi para O Velho Eurico, em Lisboa, que tem à frente José Paulo Rocha, e que, com outros cozinheiros, em 2018 recuperou uma popular tasca da Mouraria que ia fechar.
Entre os prémios criados este ano pelo Mesa Marcada, destaca-se ainda o de take-away (que se justifica pelo ano especial que foi 2020), atribuído ao Essencial de André Lança Cordeiro. Os prémios de Produtor, Carreira e Sustentabilidade (também novo, apoiado pelo Studioneves) tinham já sido anunciados e foram para, respectivamente, Adolfo Henriques, produtor da Granja dos Moinhos conhecido pelo seu queijo chèvre, Vítor Sobral e o Restaurante da Herdade do Esporão.
Não é fácil decidir se se atribuem prémios a restaurantes e chefs num ano tão difícil como foi 2020, no qual os restaurantes foram obrigados a fechar portas em Março, reabriram timidamente no início do Verão, ganharam um pequeno balão de oxigénio durante os meses de Julho e Agosto, e voltaram a ver os clientes desaparecer nos últimos meses do ano, sobretudo com a obrigação de fechar aos fins-de-semana – uma das medidas anunciadas pelo Governo para tentar conter a pandemia de covid-19.
Aliás, o grande vencedor, João Rodrigues, tem, por decisão da cadeia Altis, mantido o Feitoria fechado - apesar de o seu trabalho ter impacto também noutras áreas, nomeadamente junto dos produtores com o Projecto Matéria.
Apesar da pandemia, Miguel Pires e Duarte Calvão consideraram que era de avançar e manter a votação que organizam todos os anos, em Dezembro, envolvendo mais de 200 votantes, entre chefs, donos de restaurantes, jornalistas e críticos gastronómicos e gastrónomos. Este ano, diz Miguel, houve uma pequena quebra no número de votantes (de 225 para 215), mas, como sempre acontece, saíram alguns e entraram outros novos. A maioria achou relevante que se mantivessem os prémios, afirmam os organizadores.
Numa conversa a partir do Brasil, Miguel Pires conta que houve também dúvidas quanto à cerimónia, que costuma ser presencial e se tornou já um encontro anual do universo da gastronomia, mas que encontrou em São Paulo condições muito boas para poder fazer uma transmissão em directo. “No meio de tudo isto quisemos perceber se os patrocinadores continuavam connosco – e continuaram”, sublinha.
Quanto à votação, destaca a preocupação que houve em aumentar o número de mulheres a votar – a percentagem subiu de 24% para 32% o que, diz o organizador, se reflectiu em subidas de chefs mulheres no top 100, embora nenhuma tenha entrado no top dez (a melhor colocada é Marlene Vieira, que está em 12º lugar, depois de neste ano tão difícil ter tido a coragem de abrir o seu Zunzum, em Lisboa, com o qual, como disse ontem na cerimónia, está “muito feliz").