Duas juízas do Supremo Tribunal do Afeganistão assassinadas após emboscada em Cabul
Magistradas foram mortas a tiro quando se deslocavam para o tribunal. É o mais recente de uma onda de ataques contra juízes, políticos e jornalistas, em plenas negociações de paz entre o Governo e os taliban.
Duas juízas do Supremo Tribunal do Afeganistão foram mortas a tiro este domingo, em Cabul, após uma emboscada ao veículo que as transportava para o local de trabalho.
O ataque não foi reivindicado, mas é o mais recente de uma vaga de agressões e homicídios de juízes, políticos, jornalistas, activistas e estudantes universitários em várias cidades do país.
As duas juízas – cujos nomes ainda não foram divulgados pelas autoridades – foram mortas no local. E o motorista que conduzia o carro ficou ferido, informou a polícia da capital afegã. O caso está agora a ser investigado pelas forças de segurança.
Alguns dos ataques dos últimos meses contra alvos seleccionados foram reivindicados pelo Daesh, mas o Governo afegão também acusa os taliban de estarem envolvidos.
A acusação é grave e relevante, tendo em conta que representantes do Executivo e do grupo fundamentalista islâmico estão reunidos em Doha, no Qatar, para tentarem encontrar uma solução que possa pôr fim a quase duas décadas de guerra civil no Afeganistão.
Um porta-voz dos taliban garantiu, no entanto, que nenhum dos seus combatentes esteve envolvido no ataque deste domingo. Mas o Presidente Ashraf Ghani, que o condenou, não deixou de mencionar o grupo jihadista.
Citado pela Reuters, Ghani afirmou que “o terror, o horror e o crime” não são a solução para os problemas do Afeganistão e disse que os taliban têm de cumprir e aceitar “um cessar-fogo permanente”.
As negociações de paz começaram em Setembro, na sequência de um acordo entre os Estados Unidos e os taliban para a retirada faseada das tropas norte-americanas do Afeganistão, onde chegaram, em 2001, para combater a Al-Qaeda e Osama bin Laden e “vingar” os ataques do 11 de Setembro.
Fontes de ambas as equipas negociais disseram à Reuters que só se esperam novos desenvolvimentos no processo de paz assim que se conheça a estratégia do Presidente eleito dos EUA, Joe Biden, para o Afeganistão.