Coreia do Norte mostra novo modelo de míssil balístico

Parada militar marca o fim do congresso do partido único. Próximos tempos serão decisivos para saber se Kim vai desafiar nova Administração dos EUA.

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No desfile em Pyongyang foram exibidos novos modelos de armamento Reuters

A Coreia do Norte incluiu um novo míssil balístico que pode ser lançado a partir de um submarino na parada militar que, na quinta-feira à noite, marcou o fim do congresso do Partido dos Trabalhadores. O regime de Kim Jong-un espera intimidar desde o primeiro momento a nova Administração norte-americana.

A agência estatal KCNA descreveu o novo modelo de armamento como “o mais poderoso do mundo”. As imagens divulgadas pelos media oficiais do regime mostram as habituais fotografias de camiões a transportar os mísseis – uma imagem que costuma servir para propagandear o poderio militar da Coreia do Norte em praticamente todas as festividades do regime.

No desfile também foram exibidos mísseis com “capacidade poderosa para aniquilar minuciosamente inimigos de uma forma preventiva fora do território” da Península Coreana, escreveu a KCNA. A descrição sugere a inclusão de mísseis de alcance intermédio, com capacidade para atingir alvos em países próximos da Coreia do Norte, como o Japão.

Os analistas que costumam acompanhar o desenvolvimento do armamento norte-coreano, e que aproveitam ocasiões como esta para tirar algumas conclusões, notam que foi realmente exibido um novo modelo. O investigador do Carnegie Endowment, Ankit Panda, disse que a parada mostrou “um míssil balístico de curto alcance não visto anteriormente”.

Ao contrário de outros desfiles militares deste género no passado, desta vez não foram mostrados modelos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), que têm capacidade para atingir, por exemplo, o território dos Estados Unidos.

Kim assistiu ao desfile na Praça Kim Il-Sung, em Pyongyang, vestido de casaco de cabedal, luvas e um gorro de pelo negro. A parada marca o fim do congresso do partido único, que decorreu durante a última semana, durante o qual Kim reconheceu alguns problemas nas políticas económicas dos últimos anos.

Porém, ao mesmo tempo que admitia as dificuldades económicas, Kim manteve a postura de desafio e apontou os EUA como “o maior inimigo” do regime.

A perspectiva da chegada de Joe Biden à Casa Branca é vista com algumas reservas em Pyongyang. Ao contrário de Donald Trump, que se tornou no primeiro Presidente norte-americano em funções a encontrar-se pessoalmente com o líder norte-coreano, é bastante improvável que Biden siga o mesmo exemplo. Durante a campanha, o democrata criticou os encontros de Trump com Kim, que apelidou de “bandido”.

No entanto, as rondas diplomáticas entre Trump e Kim pouco fizeram para alterar a situação – o programa nuclear norte-coreano continua em desenvolvimento e as sanções também se mantêm.

A grande dúvida é saber se o regime vai interromper a moratória auto-imposta aos testes nucleares e balísticos há três anos como forma de intimidar Biden. Os analistas dividem-se sobre essa possibilidade, lembrando que, por um lado, o momento caótico vivido nos EUA com a transição para a nova Administração poderá ser tentador para o regime de Pyongyang. Mas, por outro lado, o próprio reconhecimento por Kim dos problemas económicos vividos pela Coreia do Norte pode significar uma mudança nas prioridades.

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