PSD tem dúvidas sobre eficácia de “meias medidas” e defende fecho parcial das escolas

Ricardo Baptista Leite considera que ensino presencial, a partir do 7.º ano, devia ser suspenso. Catarina Martins critica falta de informação sobre apoios.

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Ricardo Baptista Leite teme que as medidas se arrastem "semanas e semanas" Nuno Ferreira Santos

O vice-presidente da bancada do PSD, Ricardo Baptista Leite, considera que os objectivos do novo confinamento “podem não ser cumpridos” e que, “no mínimo, a partir do 7.º ano as escolas e as universidades deveriam encerrar”.

Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, o deputado falou em “meias medidas” quando se referiu às novas limitações em vigor a partir desta sexta-feira, “particularmente na situação nas escolas face ao aumento de casos que se está a verificar entre os 10 e os 19 anos e os 20 e os 29 anos”, ligados a “encontros antes e depois das aulas”. 

“No nosso entender, depois de ouvir os especialistas, não fazia sentido manter as escolas abertas, em particular a partir do 7.º ano”, afirmou, acrescentando que seria uma medida de “precaução”.

O deputado qualificou o confinamento como “uma bomba atómica” que serve para “evitar o colapso do SNS ou minimizar o impacto da pandemia, permitir a recuperação da economia o mais depressa possível e ganhar tempo para corrigir as medidas”. “Estes objectivos, com estas medidas, podem não ser cumpridos”, afirmou.

Ricardo Baptista Leite, que é médico, teme que as medidas anunciadas pelo Governo venham a “arrastar as restrições” durante “semanas e semanas”, o que vai “atrasar a economia” já numa situação “difícil”. Apontando a estratégia do Governo como “errada”, o vice-presidente da bancada reiterou que o PSD apresentou propostas alternativas de combate à pandemia já em Novembro e que está disponível para discutir com o Governo. “Que garantias é que o Governo nos dá que não voltem a subir os casos?”, questionou, acrescentando que, ao insistir nas soluções adoptadas, pode obrigar a um novo confinamento na Páscoa.

O deputado referiu projecções que apontam para uma ocupação de 900 camas de covid ocupadas no final do mês, mesmo com o confinamento, lembrando que o país todo, incluindo o sector privado, não tem mais de 1200 camas.

Relativamente à sobrecarga do SNS, o líder do PSD questionou por que razão o Governo não mobilizou já todos os meios de que Portugal dispõe, incluindo os dos sectores privado e social, para “ajudar neste momento dramático”. O comentário, publicado no Twitter, foi feito a propósito do despacho da ministra da Saúde que cancelou cirurgias mesmo as de carácter prioritário.

Essa também é uma das referências que o líder do CDS faz na sua mensagem em reacção às medidas restritivas anunciadas. Francisco Rodrigues dos Santos diz estar preocupado com as “meias tintas do Governo” e considera que a “quantidade de excepções” podem “comprometer todos os esforços” que o país vai fazer no combate à pandemia.

Num vídeo divulgado esta quinta-feira, o líder do CDS exigiu um conjunto de medidas ao Governo, nomeadamente que “não sejam adiadas as cirurgias ao cancro”, e que seja criada uma “via verde” com o sector privado e social.

O líder democrata-cristão defendeu ainda que é preciso colocar os mais idosos na primeira fase da vacinação e testar “massivamente” nas escolas, que se mantêm abertas, “apesar do aumento de contágios até aos 19 anos”.

Francisco Rodrigues dos Santos pediu ainda que o “Governo não se atrase” e não dê apoios de “tostões a prejuízos de milhões na economia”.

A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, criticou, no Twitter, o facto de “a menos de oito horas da entrada em vigor” das medidas, ainda não se saber nada “sobre os apoios aos trabalhadores e sectores afectados”.

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