Em 2020, China liderou receitas de bilheteira dos cinemas. Para Portugal foi o pior ano de que há registo

Pela primeira vez na história, em 2020, a China ultrapassou os EUA em volume de receitas de bilheteira nas salas de cinema. A produção chinesa Ba Bai foi o filme mais rentável do ano. Em Portugal, segundo dados do ICA, 2020 foi o pior ano para a exibição cinematográfica em saladesde que há registo.

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O filme Ba Bai

Não constituiu propriamente uma surpresa. Pela primeira vez na história, em 2020, a China ultrapassou os Estados Unidos em volume de receitas de bilheteira nas salas de cinema. Essa é a tendência em muitas áreas, muito além do cinema, mas até nesta a inclinação já se vinha a desenhar nos últimos anos. Por outro lado, a aparente reacção mais rápida à disseminação do vírus por parte das autoridades chinesas terá permitido um regresso mais cedo às salas de cinema.

Em 2020, um pouco por todo o mundo, as salas de cinema estiveram encerradas durante largos períodos. Como consequência, as receitas diminuíram bruscamente. A venda de bilhetes globalmente, segundo cálculos da imprensa especializada americana, terá passado dos 34.700 milhões de euros em 2019 para 12.000 milhões de euros em 2020, naquele que é o nível mais baixo nas últimas quatro décadas. Quem conseguiu minorar, apesar de tudo, essas quebras, foi a China.

Durante o ano de 2020, o gigante chinês registou receitas de 2500 milhões de euros, segundo o Instituto Nacional de Filmografia, ou seja, 68% a menos do que no ano anterior, mas o suficiente para colocar-se acima dos 1800 milhões de euros dos EUA, que sofreu uma quebra de 80%, segundo dados da consultora ComScore. Na lista divulgada pela consultora, seguem a China e os EUA, mas a muita distância, países como o Japão, Reino Unido, Coreia do Sul e Índia.

Em Portugal, segundo dados revelados esta terça-feira, os cinemas sofreram uma quebra de 75,55% em audiência e receitas no ano passado face a 2019, ou seja, tiveram menos 11,7 milhões de espectadores e facturaram menos 62,7 milhões de euros. Segundo o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), estes dados reflectem “um ano marcado por profundos constrangimentos” na exibição cinematográfica devido à pandemia de covid-19. O ICA revela que em 2020 as salas de cinema tiveram 3,77 milhões de espectadores, o que traduz uma quebra dramática atendendo ao número de bilhetes emitidos em 2019 – 15,5 milhões. As receitas de bilheteira situaram-se nos 20,4 milhões de euros, um quarto do valor de 2019, ano que totalizaram 83,1 milhões de euros.

Embora sejam ainda provisórios, os dados atestam uma quebra geral de 75,55%, confirmando que 2020 foi o pior ano para a exibição cinematográfica em sala pelo menos desde que o ICA sistematiza os dados estatísticos reportados pelos exibidores. Em 2020, por causa do primeiro período de confinamento decretado em Portugal, as salas de cinema — assim como toda a actividade cultural com público —estiveram encerradas entre meados de Março e início de Junho.

A reabertura deu-se de forma gradual nas semanas seguintes, mas as quebras de audiência e receitas foram variando mensalmente entre os 60 e os 90%, quebras que poderão dever-se a uma retracção de consumo dos portugueses, à redução de sessões ou da oferta de filmes em cartaz.

Para os resultados da China parece ter contribuído a gestão mais rápida da pandemia por parte das autoridades, que permitiu de forma faseada a abertura de espaços públicos, entre os quais os cinemas. As salas na China encerraram a 23 de Janeiro de 2020, e desde então foram recuperando a actividade regular de forma escalonada, com 30% em Julho, 50% em Agosto e 75% a partir de Setembro.

Com estes números também não constituiu surpresa que, pela primeira vez, o filme mais rentável e com maior receita de bilheteira de 2020 seja uma produção chinesa. Trata-se de Ba Bai (The Eight Hundred), um drama que recria a heróica resistência de um grupo de soldados chineses perante o avanço das tropas imperiais japonesas sobre Xangai em 1937: rendeu 391 milhões de euros nas bilheteiras. Recorde-se que, em 2019, o rei da bilheteira foi Vingadores: Endgame, com 2300 milhões de euros.

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