Ana Gomes entra na campanha com “armas” apontadas a Marcelo

A candidata acusou o actual Presidente de ter desequilibrado a negociação com privados na saúde “contra interesse público”.

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Ana Gomes iniciou a campanha oficial nesta segunda-feira LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Ana Gomes entrou nesta segunda-feira no período oficial da campanha eleitoral para a presidência da República com duras críticas a Marcelo Rebelo de Sousa. Numa visita às obras do futuro centro de saúde de Algueirão Mem-Martins, concelho de Sintra, a candidata acusou Marcelo de ter enfraquecido as negociações do Governo com o sector privado da saúde ao dar-lhes palco.

Questionada pelos jornalistas sobre se defende que o Governo já devia ter avançado com uma requisição de meios privados da saúde, a diplomata apontou desde logo as “armas” a Marcelo.  “Suponho que o Governo está a tentar chegar a um entendimento e tem tido pressões nesse sentido, também da parte do próprio Presidente da República, que deu palco aos privados, enfraquecendo o Governo e a ministra da Saúde, quando ela precisava de ser reforçada para poder negociar o entendimento com os privados para defender o interesse público”, referiu.

A candidata afirmou ainda que “há uma pressão que foi favorável aos privados por parte do Presidente da República” e que “desequilibrou a negociação contra o interesse publico”: “Espero que o Governo tendo tentado todas as alternativas, se necessário for recorra à requisição civil”, salientou.

Na visita, Ana Gomes foi acompanhada por alguns membros da sua campanha, entre os quais o coordenador da campanha na Região de Lisboa, André Pereira, que é também assessor do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro. A guiá-la esteve o antigo deputado do PS e actual vereador da Câmara Municipal de Sintra, Duarte Vila.

Depois de ter cancelado as iniciativas para o primeiro dia da campanha oficial, domingo, no distrito de Setúbal, veio nesta segunda-feira para a rua, mas afirma não saber ainda como será a sua campanha, se for decretado o confinamento quase total. Ana Gomes admite ter de fazer a maior parte da campanha por meios digitais, mas também não quer perder “o contacto com as pessoas que são obrigadas a estar a trabalhar”.

E a campanha foi mais um motivo para dar uma nova “canelada” a Marcelo, acusando de “desvalorização da campanha” e de “menosprezar os eleitores” ao não fazer acções junto dos portugueses. “Nem tempos de antena gravou”, lembrou.

Responsabilizou ainda o actual Presidente por algumas dúvidas que têm surgido sobre a votação e por “ter deixado para o último dia a marcação das eleições”.

Já sobre o futuro centro de saúde de Algueirão Mem-Martins, que deverá ser inaugurado no primeiro trimestre deste ano, a candidata considerou ser “um grande projecto da vereação socialista [Ana Gomes foi candidata autárquica derrotada em Sintra em 2009], finalmente concretiza-se para servir uma população de cerca de 70 mil pessoas, na maior freguesia do país”.

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