Surpreendido com comunicado do PSD, Rangel rejeita queixa-crime contra Costa. E não é o único

Além do eurodeputado, Poiares Maduro e Baptista Leite também não tencionam avançar para a justiça contra o primeiro-ministro como o PSD considerou justificar-se.

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Paulo Rangel coloca as acusações de Costa no plano político Rui Gaudencio

O eurodeputado Paulo Rangel assumiu ter ficado surpreendido com o comunicado em que o PSD considerou justificar-se a “apresentação de uma queixa-crime contra o primeiro-ministro”. A nota foi emitida na quinta-feira pela comissão permanente do partido, e nela o partido considerou “delirantes” as acusações de António Costa sobre o envolvimento de Rangel, Miguel Poiares Maduro e Ricardo Baptista Leite numa “campanha internacional contra Portugal”. Os três militantes do PSD não vão avançar criminalmente contra o primeiro-ministro.

Já depois do comunicado da comissão permanente do PSD, o órgão nacional mais restrito de Rui Rio, Paulo Rangel assumiu, na SIC Notícias, ter ficado “tão surpreendido com essa notícia como os jornalistas em geral”, depois de questionado sobre a queixa-crime anunciada pelo PSD. O eurodeputado sublinhou e agradeceu a solidariedade política do PSD quanto uma acusação “tipicamente chavista e venezuelana” mas coloca a questão no plano político: “A mim não me faz mossa nenhuma, portanto, eu não apresentarei queixa-crime. Não é que [as declarações] não sejam graves, mas eu estou habituado a lutar no terreno político quando as questões são políticas”. 

O PÚBLICO contactou a assessoria de comunicação do PSD que esclareceu que o partido considera haver matéria que justifique uma queixa-crime, mas que cabe aos próprios decidir se o fazem — ao contrário da interpretação inicial de que seria o próprio partido a tomar a iniciativa, o PSD rejeita essa hipótese. De qualquer forma, a posição da direcção de Rui Rio não foi articulada com Paulo Rangel. 

Miguel Poiares Maduro, membro do conselho consultivo do conselho estratégico nacional, também já declinou a intenção de avançar para a justiça com o caso. “Aprecio a solidariedade do meu partido, mas não tenciono apresentar qualquer queixa-crime. Acredito que em democracia não há forma mais forte de censura do que a que tem lugar na política”, escreveu no Twitter o antigo ministro de Passos Coelho.

Na mesma linha, Ricardo Baptista Leite considerou a atitude do primeiro-ministro “vergonhosa” mas disse preferir dar prioridade ao combate à pandemia e a “apresentar propostas assentes na ciência, a defender o país e a trabalhar como voluntário no covidário do hospital”. A posição do vice-presidente da bancada do PSD foi assumida na CMTV por volta da hora de jantar ainda antes de ser divulgado o comunicado do PSD. 

O primeiro-ministro acusou ontem Paulo Rangel e Miguel Poiares Maduro assim como Baptista Leite, numa outra “frente sanitária”, de liderarem uma “campanha internacional organizada contra Portugal”, a propósito do caso da nomeação de José Guerra para a Procuradoria Europeia cujos critérios de selecção estão a ser postos em causa por causa de uma carta enviada para o Conselho com informação incorrecta sobre o seu currículo. Em reacção, a comissão permanente do PSD saiu em defesa dos três militantes, considerando as afirmações “graves” e reveladoras de um exercício “delirante e inaceitável” das funções de primeiro-ministro. A direcção de Rui Rio considerou que “a acusação individualizada (repete-se, sem qualquer fundamento) de três destacados militantes do PSD, agrava essa irresponsabilidade e justifica a apresentação de uma queixa-crime contra o primeiro-ministro, junto do Ministério Público”. Mas nenhum dos três aceitou a sugestão. 

Esta tarde, após uma audiência com o primeiro-ministro sobre a evolução da pandemia, Rui Rio reiterou que se os visados quisessem avançar para a justiça, o PSD estaria solidário com essa iniciativa. “Não pode ser o PSD sozinho a fazer isso, até porque o partido não é directamente visado. Visados foram três militantes”, disse, acrescentando que “compete a cada um deles decidir se o faz ou não. Penso que é não”.

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