Mundo reage à invasão do Capitólio: “Imagens inquietantes” e “ataque à democracia”
Líderes de vários governos e de organizações internacionais condenaram invasão do Capitólio por apoiantes de Donald Trump.
As imagens de centenas de apoiantes de Donald Trump a quebrarem as barreiras de segurança e invadirem o Capitólio, suspendendo, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, a cerimónia de certificação dos votos do Colégio Eleitoral, foram condenadas internacionalmente, com pedidos de respeito pelo processo democrático.
“Acompanho com preocupação os desenvolvimentos em Washington. São imagens inquietantes. O resultado das eleições deve ser respeitado, com uma transição pacífica e ordeira do poder. Confio na solidez das instituições democráticas dos Estados Unidos”, escreveu o primeiro-ministro português, António Costa, no Twitter.
No mesmo sentido foram várias as vozes da União Europeia a condenar a invasão do Capitólio. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reiterou que Joe Biden venceu as eleições presidenciais e, por isso, defendeu uma “transição pacífica de poder”, manifestando confiança na “força das instituições e democracia dos Estados Unidos”.
Acompanho com preocupação os desenvolvimentos em #Washington. São imagens inquietantes. O resultado das eleições deve ser respeitado, com uma transição pacífica e ordeira do poder. Confio na solidez das instituições democráticas dos #EUA.
— António Costa (@antoniocostapm) January 6, 2021
Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar “sob choque” com a invasão “em tempo da democracia”, enquanto o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse que “aos olhos do mundo a democracia norte-americana surge sob cerco”.
“Cenas chocantes vindas de Washington. O resultado de eleições democráticas deve ser respeitado”, defendeu o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar “triste” e apelou aos líderes políticos para não incentivarem os seus apoiantes à violência, defendendo o “respeito pelo processo democrático e pelo Estado de direito”.
Sigo con preocupación las noticias que llegan desde el Capitolio en Washington. Confío en la fortaleza de la democracia de EE.UU.
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) January 6, 2021
La nueva presidencia de @JoeBiden superará la etapa de crispación, uniendo al pueblo estadounidense.
Dos governos europeus surgiram mensagens de condenação à invasão do Capitólio e de apoio a Joe Biden.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse estar “triste” e “zangada” com com a invasão do Capitólio por multidão de apoiantes de Trump, lamentando que o Presidente cessante “não tenha admitido a derrota”. “As dúvidas sobre o resultado da eleição foram alimentadas” por Trump, acusou Merkel.
Die Feinde der Demokratie werden sich über diese unfassbaren Bilder aus #WashingtonDC freuen. Aus aufrührerischen Worten werden gewaltsame Taten - auf den Stufen des Reichstages, und jetzt im #Capitol. Die Verachtung demokratischer Institutionen hat verheerende Auswirkungen. (1)
— Heiko Maas ???? (@HeikoMaas) January 6, 2021
O Presidente da França, Emmanuel Macron, partilhou um vídeo no Twitter a condenar o ataque. “Não vamos ceder perante a violência dos poucos que querem questionar a democracia”, garantiu Macron, reforçando a “amizade” com os Estados Unidos.
We believe in democracy.#WeAreOne pic.twitter.com/dj3hs66KKn
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) January 7, 2021
O presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, reiterou a sua confiança na “força da democracia da América” e sublinhou que a “nova presidência de Joe Biden vai superar este momento de tensão, unindo o povo americano”.
Disgraceful scenes in U.S. Congress. The United States stands for democracy around the world and it is now vital that there should be a peaceful and orderly transfer of power.
— Boris Johnson (@BorisJohnson) January 6, 2021
Já o primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, denunciou o que considera ser um “ataque à democracia” e responsabilizou Trump e “muitos membros do Congresso” pelo ataque.
No mesmo sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, disse que a violência foi causada pela retórica do Presidente cessante: “Trump e os seus apoiantes devem aceitar a decisão dos eleitores americanos e parar de atropelar a democracia.”
Very distressing scenes at the US Congress. We condemn these acts of violence and look forward to a peaceful transfer of Government to the newly elected administration in the great American democratic tradition.
— Scott Morrison (@ScottMorrisonMP) January 6, 2021
“A violência contra as instituições americanas é grave ataque à democracia, que eu condeno. A vontade e o voto do povo americano devem ser respeitados”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian.
“Cenas vergonhosas no Congresso. Os Estados Unidos apoiam a democracia por todo o mundo e agora é vital que haja uma transição pacífica e ordeira de poder”, disse, por seu turno, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
Canadians are deeply disturbed and saddened by the attack on democracy in the United States, our closest ally and neighbour. Violence will never succeed in overruling the will of the people. Democracy in the US must be upheld - and it will be.
— Justin Trudeau (@JustinTrudeau) January 6, 2021
Os governos de países aliados dos Estados Unidos, como Austrália, Canadá ou Israel também fizeram questão de manifestar solidariedade para com a democracia americana e condenar o que, nas palavras do primeiro-ministro australiano, foram imagens “angustiantes”.
“Condenamos estes actos de violência e esperamos uma transferência pacífica do governo para a administração recentemente eleita, conforme à grande tradição democrática americana”, sublinhou Scott Morrison.
#COMUNICADO| Venezuela expresa su preocupación por los hechos de violencia que se están llevando a cabo en la ciudad de Washington, EEUU; condena la polarización política y aspira que el pueblo estadounidense pueda abrirse un nuevo camino hacia la estabilidad y la justicia social pic.twitter.com/krqqFVV866
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) January 6, 2021
No mesmo sentido, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que os canadianos estão profundamente perturbados e tristes com o ataque à democracia nos Estados Unidos. “A violência nunca conseguirá anular a vontade do povo. A democracia deve ser mantida – e será”, reiterou Trudeau.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, condenou “vigorosamente” a invasão do Capitólio e disse não ter “nenhuma dúvida de que a democracia norte-americana vai triunfar”.
De Caracas também chegaram condenações à invasão do Capitólio: “A Venezuela expressa a sua preocupação com os violentos acontecimentos que tiveram lugar em Washington, nos Estados Unidos, e condena a polarização política, esperando que o povo americano possa abrir um novo caminho rumo à estabilidade e à justiça social.”
Em sentido inverso, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que acompanhou os acontecimentos desta quarta-feira em Washington e salientou a sua proximidade de Donald Trump.
“Eu acompanhei tudo hoje. Vocês sabem que eu sou ligado ao Trump, não é? Então vocês já sabem qual a minha resposta”, disse Bolsonaro, citado pela Reuters.
Já a Rússia, através do seu vice-embaixador nas Nações Unidas, Dmitry Polyanskiy, fez uma comparação com as imagens das manifestações na Praça Maidan, na Ucrânia, em 2014, enquanto a Turquia emitiu um comunicado a condenar a violência e a apelar aos seus cidadãos para evitarem áreas onde decorram manifestações nos Estados Unidos.