Trump promete “transição ordeira” após confirmação da vitória de Biden no Congresso dos EUA
Cerimónia de certificação dos votos do Colégio Eleitoral foi retomada depois da invasão dos apoiantes de Trump do Capitólio e a vitória de Biden foi validada por Pence. Presidente cessante insiste na tese de fraude e diz que o seu mandato foi “o melhor da História”.
O Presidente dos Estados Unidos comprometeu-se esta quinta-feira e pela primeira vez desde que assumiu o cargo, em 2017, com uma “transição ordeira” de poder para a Administração Biden. A tomada de posição de Donald Trump, que não deixou de insistir em dizer que venceu as eleições presidenciais de 3 de Novembro, foi feita pouco depois de o Congresso ter certificado os votos no Colégio Eleitoral e confirmado a vitória de Joe Biden e de Kamala Harris, no final de uma jornada inédita para o país, marcada pela invasão e vandalização do Capitólio, em Washington, por apoiantes do líder republicano.
“Apesar de discordar totalmente do resultado das eleições e de os factos me darem razão, haverá, ainda assim, uma transição ordeira a 20 de Janeiro”, reagiu o Presidente, citado num comunicado partilhado pelo seu porta-voz, Dan Scavino.
“Sempre disse que iria continuar a nossa luta para garantir que apenas os votos legais eram contados. Embora isto represente o fim do melhor primeiro mandato da História presidencial, é apenas o início da nossa luta para tornar a América grande de novo!”, declarou Trump.
Esta reviravolta na postura do Presidente, que viu todos os processos de contestação eleitoral serem rejeitados pela Justiça e que, horas antes, estava a garantir aos seus apoiantes que “nunca [iria] desistir, nunca [iria] ceder” o poder, face ao alegado “roubo” eleitoral a favor do Partido Democrata, marca o fim um dia negro na História e na democracia dos EUA.
Pela primeira vez desde 1814, quando as tropas britânicas invadiram Washington, o Congresso dos EUA foi atacado. Uma multidão de apoiantes do chefe de Estado respondeu de forma violenta ante a promoção insistente, nos últimos meses, da narrativa de fraude eleitoral, de corrupção do sistema de votação e de rejeição de qualquer cenário de transição pacífica por parte de Trump e dos seus aliados e espalhou o caos dentro do edifício federal.
Quatro pessoas morreram durante os distúrbios no Capitólio e 52 foram detidas. Nos jornais, televisões e redes sociais sucederam-se, ao longo das últimas horas, imagens e vídeos que mostraram pessoas com adereços, bandeiras e cartazes de apoio ao Presidente, a grupos de extrema-direita ou à Confederação, a destruírem ou vandalizarem a mobília, a decoração e os gabinetes do Capitólio, depois de terem forçado as barreiras de segurança.
A invasão foi rotulada pelo Presidente eleito, Joe Biden, como “um ataque sem precedentes” à democracia americana e condenado por líderes políticos em todo o mundo, desde Portugal à NATO, à Rússia ou à União Europeia.
...fight to ensure that only legal votes were counted. While this represents the end of the greatest first term in presidential history, it’s only the beginning of our fight to Make America Great Again!”
— Dan Scavino?????? (@DanScavino) January 7, 2021
Para além disso, a invasão do Capitólio forçou o encerramento da sessão plenária conjunta no Congresso norte-americano, convocada para quarta-feira para certificar os votos do Colégio Eleitoral e a vitória de Biden.
Ainda assim, os senadores e congressistas voltaram a reunir-se, muitas horas depois e já durante a madrugada desta quinta-feira, e validaram os votos, rejeitando as objecções levantadas por parlamentares republicanos aos resultados eleitorais nos estados do Arizona e da Pensilvânia.
Biden teve 306 votos no Colégio Eleitoral e Donald Trump ficou-se pelos 232. Assim, fica apenas a faltar a cerimónia de tomada de posse de Biden como Presidente e de Kamala Harris como vice-presidente para completar o ciclo político iniciado com as eleições de 3 de Novembro de 2020.
A confirmação dos resultados foi feita pelo vice-presidente, Mike Pence, um aliado de sempre de Trump, que, no entanto, rejeitou os apelos do Presidente para que bloqueasse a certificação dos votos do Colégio Eleitoral e encontrasse um caminho para o manter na Casa Branca.