“Brexit”: camiões com produtos alimentares não conseguem chegar à Irlanda do Norte

Empresas de retalho dizem que fornecedores britânicos desconhecem as mudanças em vigor desde 1 de Janeiro.

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Camiões não conseguem chegar a Belfast PHIL NOBLE / Reuters

O fluxo de bens alimentares para a Irlanda do Norte está a sofrer interferências, numa altura em que os fornecedores britânicos estão ainda a ajustar-se às mudanças impostas pelo “Brexit”.

Dirigentes de associações comerciais norte-irlandesas denunciaram várias situações de camiões de transporte de alimentos que chegam aos portos britânicos sem a documentação necessária e não conseguem atravessar o mar da Irlanda, prejudicando as cadeias de fornecimento.

“Tivemos camiões a chegar a Belfast sem documentação de todo”, disse o dirigente da Logistics UK, Seamus Leheny, numa sessão do Comité de Assuntos da Irlanda do Norte no Parlamento britânico na quarta-feira. O responsável fala em “falta de preparação da parte do lado do Reino Unido”, citado pelo Guardian.

O problema, aparentemente, deve-se a uma falta de informação da parte dos fornecedores e transportadores britânicos com negócios com a Irlanda do Norte. Ao contrário de Inglaterra, Escócia e País de Gales, a Irlanda do Norte manteve-se alinhada com o mercado único europeu e, por isso, aplicam-se as regras de exportação para a União Europeia. Produtos que tenham alguma parte de origem animal necessitam de ser acompanhados de certificados sanitários de acordo com os regulamentos da União Europeia, por exemplo.

Uma empresa enviou 258 camiões para o Reino Unido, mas apenas cem conseguiram regressar, disseram os dirigentes norte-irlandeses. Noutra situação, os problemas com a documentação foram resolvidos com ajuda de um vídeo do YouTube com instruções, diz o Guardian.

O director do Consórcio de Retalho da Irlanda do Norte, Aodhán Connolly, disse aos deputados que as autoridades de Belfast e Londres deviam estar a “gritar pelos telhados” que desde 1 de Janeiro existem novas regras na comercialização entre os dois territórios.

O secretário da Irlanda do Norte, Brandon Lewis, disse, em entrevista à BBC Ulster, que as empresas estão ainda a adaptar-se às mudanças e que “assim que as coisas estabilizarem, tudo irá fluir como em 2020”.

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