A ver se é agora que Hong Sang Soo fica
Uma operação traz às salas portuguesas, de uma vez, quatro filmes de um dos cineastas mais aclamados do nosso tempo. Se já por cá tinha passado antes, tendo sido objecto de uma integral na Cinemateca, pode ser que agora por cá fique. O segredo de Hong é só isto: uma enorme, obstinada, teimosa, curiosidade pela natureza humana, no que ela tem de mais superficial e no que tem de mais abissal.
Se os filmes de Hong Sang Soo tivessem, em vez de títulos, uma numeração de série, A Mulher que Fugiu seria o 24, a vigésima-quarta longa metragem estreada em vinte e quatro anos pelo cineasta coreano (tudo começou em 1996, com O Dia em que um Porco Caiu a um Poço). 24 em 24 dá uma boa medida da produtividade do realizador, mas a estatística é, como quase sempre, enganadora: foi nos últimos dez anos que, consolidado um sistema de fabrico muito próprio, o ritmo de Hong acelerou, e esse período 2010-2020 viu aparecer praticamente dois terços (quinze filmes) do total da sua filmografia, o que dá, para este último decénio, uma média de filme e meio por ano.
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