Crise do Golfo. Arábia Saudita vai reabrir fronteiras com o Qatar, diz o Kuwait

Acordo põe fim a um embargo ao Qatar que durava desde meados de 2017 e é visto com bons olhos por Washington ao isolar ainda mais o Irão.

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O Qatar era boicotado desde 2017 pela Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Egipto Reuters/NASEEM ZEITOON

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Kuwait anunciou esta segunda-feira que a Arábia Saudita vai reabrir o seu espaço aéreo e as fronteiras terrestres e marítimas com o Qatar, citando um acordo que resolve a disputa política que levou Riad e os aliados a boicotar o país peninsular árabe.

O Kuwait e os Estados Unidos têm tentado resolver o conflito que levou a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrain e o Egipto a cortar laços diplomáticos, comerciais e fronteiriços com o Qatar em meados de 2017. O acordo agora alcançado destrói uma unidade regional que Washington considerava dificultar os esforços para conter o Irão.

“Foi alcançado um acordo para abrir o espaço aéreo e as fronteiras terrestres e marítimas entre a Arábia Saudita e o Qatar a partir desta noite”, disse na televisão ministro dos Negócios Estrangeiros do, Kuwait Ahmad Nasser al-Sabah, na televisão kuwaitiana, um dia antes de uma cimeira do Golfo Árabe na Arábia Saudita.

A agência estatal da Arábia Saudita citou o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, dizendo que a reunião anual de líderes do Golfo iria unir as fileiras da região “face aos desafios que enfrenta”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Kuwait disse numa declaração que o acordo vai ser assinado na cimeira, que foi adiada por Riad (da sua data habitual em Dezembro) para que se conseguisse um acordo que colocasse um ponto final na separação.

Face às acusações contra o Qatar — de apoio ao terrorismo —, Doha negou sempre as acusações e disse que o embargo visava reduzir a soberania do país. Foram feitas na altura 13 exigências ao Qatar, desde o encerramento da estação televisiva Al Jazeera e o encerramento de uma base turca no país até ao corte de laços com a Irmandade Muçulmana e a diminuição da intensidade de relações com o Irão.

A administração norte-americana já avançou que Jared Kushner, o conselheiro de Donald Trump que mais se ocupou do Médio Oriente, vai estar presente na cerimónia de assinatura do acordo.

O bloqueio, que ficou conhecido como Crise do Golfo, foi considerado o mais grave conflito na região desde a invasão do Kuwait por Saddam Hussein, em 1990. Acusando o emirado de “apoio ao terrorismo” (promovido e financiado pelo Irão) e de “interferência constante nos [seus] assuntos internos”, a Arábia Saudita encerrou a sua única fronteira terrestre (pela qual passam 40% das importações dos qataris), e o conjunto de países que cortou relações com Doha (além dos sauditas, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egipto), fecharam-lhe as águas territoriais e o espaço aéreo, expulsando ainda os qataris que se encontravam nos seus territórios.