Cientistas portugueses esclarecem dúvidas sobre vacinas contra a covid-19 em vídeos

Na próxima sexta-feira haverá também uma sessão aberta de perguntas e respostas transmitida na plataforma YouTube.

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Dado Ruvic/Reuters

O Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa lançou uma campanha informativa sobre as vacinas contra a covid-19, em que quatro cientistas – o imunologista Bruno Silva Santos, o parasitologista Miguel Prudêncio, o virologista Pedro Simas e o imunologista Luís Graça – esclarecem dúvidas em pequenos vídeos.

Os quatro vídeos – um por cada questão – estarão disponíveis nas redes sociais do IMM. Na próxima sexta-feira haverá uma sessão aberta de perguntas e respostas transmitida na plataforma YouTube, onde os interessados “poderão colocar em directo as suas questões e esclarecer dúvidas sobre o processo de desenvolvimento de vacinas, a sua segurança e eficácia e a perspectiva da pandemia para os próximos meses”, refere o IMM em comunicado.

O gabinete de comunicação do IMM indicou ainda à agência Lusa que serão produzidos mais vídeos explicativos à medida que forem surgindo mais dúvidas sobre as vacinas por parte das pessoas.

Vejamos agora as quatro questões já disponíveis em vídeo.

Como foi possível desenvolver uma vacina para a covid-19 tão depressa?
Bruno Silva Santos: A rapidez no desenvolvimento de uma vacina para a covid-19 deveu-se, em primeiro lugar, aos avanços tecnológicos, que permitiram adaptar para este vírus uma tecnologia previamente desenvolvida, testada e validada em seres humanos. Em segundo lugar, ao empenho da comunidade científica e das farmacêuticas, que atacaram este problema de várias frentes e, essencialmente, com recursos ilimitados. E, em terceiro lugar, à avaliação imediata, em tempo real, dos resultados dos ensaios clínicos por parte das agências reguladoras, mantendo o seu grau de exigência, mas com extraordinário grau de urgência, que lhes permitiu validar a eficácia destas vacinas, mas nunca comprometendo a sua segurança.

A vacina para a covid-19 é segura?
Miguel Prudêncio: A vacina é absolutamente segura. As vacinas desenvolvidas contra a covid-19 passaram, como qualquer outra vacina, por um processo rigoroso de avaliação da segurança e da eficácia. Os dados recolhidos ao longo destes ensaios foram criteriosamente analisados pela comunidade científica e pelas agências reguladoras, compostas por peritos independentes. Só uma vacina que mostre ser segura e eficaz é autorizada. Note-se que não foram observados efeitos secundários graves nos cerca de 100.000 participantes nos ensaios clínicos das vacinas aprovadas e em aprovação.

É absolutamente natural que a administração da vacina provoque uma reacção no nosso organismo que pode incluir alguma dor, uma sensação de fadiga ou uma febre ligeira. São reacções normais que não devem ser motivo de preocupação. A segurança de qualquer vacina aprovada contra a covid-19 está garantida, pelo que ela pode e deve ser tomada sem receio.

A vacina para a covid-19 permitirá devolver a normalidade às nossas vidas?
Pedro Simas: Sim, a vacina é a solução para regressarmos à normalidade. E assim tem sido ao longo dos últimos 100 anos, com as vacinas a salvarem milhões de vidas todos os anos, para as mais diversas doenças. Mas ainda temos um caminho longo e importante a percorrer. Porque só regressaremos à normalidade quando uma percentagem significativa da população estiver imune contra este coronavírus. As vacinas são as ferramentas que nos permite atingir essa imunidade de uma forma rápida e segura. E vacinar os grupos de risco é o primeiro passo, e o mais importante, porque, ao proteger os vulneráveis, estamos a regressar à normalidade.

Devo vacinar-me para a covid-19?
Luís Graça: Sem dúvida! A vacina para a covid-19 é segura, é eficaz e vai salvar muitas vidas. Vacinarmo-nos é um imperativo de saúde pública, mas também é um imperativo de solidariedade social. A vacinação dos grupos mais vulneráveis vai permitir protegê-los de uma infecção que pode ser fatal. Mas também as pessoas fora destes grupos prioritários vão ser protegidas das complicações da infecção. Por outro lado, sabemos hoje que a vacinação vai permitir atingir a imunidade de grupo apenas quando a maior parte da população estiver vacinada e é este estado que vai devolver a normalidade às nossas vidas. Por isso, vacine-se por si, vacine-se por todos nós.