Ataques jihadistas matam 100 civis em duas aldeias do Níger
Suspeitas recaem em grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda e Daesh. Aldeias atacadas no dia em que foram anunciados os resultados das presidenciais - Mohamed Bazoum e Mahamane Ousmane defrontam-se numa segunda volta.
Pelo menos 100 civis foram mortos em ataques simultâneos em duas aldeias do Níger junto da fronteira com o Mali, uma operação que as autoridades suspeitam ter sido realizada por grupos islamistas.
Na aldeia de Tchombangou foram mortos 70 habitantes e 25 foram feridos, disse uma fonte de segurança citada pela agência Reuters e que pediu anonimato. Uma segunda fonte, um alto funcionário do Ministério do Interior do Níger que também falou sob anonimato, disse que cerca de 30 pessoas foram mortas em Zaroumdareye, a sete quilómetros de Tchombangou.
“Os atacantes cercaram a aldeia de Tchombangou. Os feridos foram levados para o hospital de Ouallam hospital”, disse à France 24 um jornalista de uma estação de rádio que também pediu para não ser identificado.
“Os terroristas entraram nas aldeias conduzindo uma centena de motas. Para atacar as duas aldeias, dividiram-se em duas colunas, uma atacando Zaroumadareye, e a outra dirigindo-se para Tchomabangou”, disse à AFP o presidente da Câmara de Tondikiwindi, a cidade em cuja jurisdição estão as duas aldeias.
Os ataques coordenados ocorreram quando eram anunciados os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, no sábado. O candidato do Partido para a Democracia e Socialismo, no poder, Mohamed Bazoum, vai defrontar a 21 de Fevereiro o antigo Presidente Mahamane Ousmane.
Bazoum obteve 39,3% dos votos - eram necessários 50% para haver um vencedor - e Ousmane 17%.
Será a primeira transição democrática de poder no país, depois de o Presidente Mahamadou Issoufou ter cumprido dois mandatos de cinco anos. A violência jihadista vai ser um dos principais problemas que o próximo chefe de Estado vai enfrentar.
O Níger, país na África Ocidental, tem sofrido ataques de grupos islamistas ligados à Al-Qaeda e ao Daesh. Ataques perto da fronteira ocidental com Mali e o Burkina Faso - a porosa região de Tillaberi -, e na fronteira sudeste com a Nigéria, mataram centenas de pessoas no ano passado. Em 2019, a violência islamista matou quatro mil pessoas nos três países (Níger, Mali e Burkina Faso), segundo dados das Nações Unidas.
O Níger tem sido também alvo dos jihadistas do Boko Haram vindos da Nigéria.
“Acabamos de regressar do local dos ataques, em Tchoma Bangou houve cerca de 70 mortos e em Zaroumadareye 30 vítimas mortais”, disse o autarca de Tondikiwindi, a cidade que agrega as duas aldeias separadas por sete quilómetros, em declarações à agência de notícias francesa, a AFP.
“Os terroristas entraram nas aldeias conduzindo uma centena de motas, e houve também 25 feridos, alguns dos quais evacuados para Niamey e Ouallam”, acrescentou, notando que este foi o pior massacre de civis no país.
“Para atacar as duas aldeias, os terroristas dividiram-se em duas colunas, uma atacando Zaroumadareye, e a outra dirigindo-se para Tchoma Bangou”, explicou Almou Hassane.