Desde 1920 que não havia registo de tantas mortes em Portugal
Em 2020 morreram mais de 123 mil pessoas em Portugal. É o valor mais elevado de óbitos desde a sistematização de dados, na década de 1960.
Em 2020 morreram em Portugal 123.667 pessoas, segundo adiantou este sábado o Jornal de Notícias, compilando os dados do eVM (sistema de vigilância da mortalidade em tempo real que analisa os certificados de óbito). O diário portuense indica que, segundo os dados conhecidos, este é o número mais elevado de mortes no país dos últimos cem anos, desde que foram registadas cerca de 154 mil mortes, em 1920.
Nessa altura, vivia-se ainda o rescaldo da gripe espanhola, que matou milhões de pessoas em todo o mundo. Essa pandemia terá sido responsável pelo elevado número de óbitos de que há registo no país entre 1918 e 1920, e que, de acordo com o JN, foi de 253 mil (1918), 154 mil (1919) e 144 mil (1920).
Ainda assim, é preciso alguma cautela porque a sistematização no número de óbitos no país só começou a ser feita nos anos 1960. Contudo, a informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) desde esse período não deixa margem para dúvidas: 2020 é, desde esse período, o ano com mais mortes registadas em Portugal. O anterior recorde era de 2018, um ano em que assistimos a ondas de calor associadas a um aumento da mortalidade, sobretudo entre a população mais velha. Nesse ano o número de óbitos registados foi 113.051.
Ao longo do ano, vários especialistas têm olhado para o excesso de mortes no país, para tenta deslindar quantos desses óbitos estão directamente ligados à covid-19.
No final de Outubro, dados do INE dava apontavam para a existência de mais cerca de oito mil mortes, desde o início da pandemia, em Março, do que a média do período homólogo dos últimos cinco anos. Menos de um terço (27,5%) estava directamente relacionada com a covid-19.
Agora, segundo o JN, os dados actualizados ao final de Novembro apontam para mais de nove mil óbitos em excesso, dos quais 49% foram causados pela covid-19.