Vacinação dos profissionais de saúde do sector privado sem data definitiva
Coordenador da task-force diz que não garantiu que os profissionais fora do SNS iriam ser vacinados a partir de 11 de Janeiro
Depois da notícia de quarta-feira, que dava 11 de Janeiro como uma data indicativa a partir da qual os profissionais do sector privado da saúde começariam a ser vacinados, Francisco Ramos veio esta quinta-feira negar ter dado essa informação numa reunião com as ordens dos médicos, enfermeiros, farmacêuticos e médicos dentistas.
Desmentindo que haja já uma data definida para o início de vacinação dos profissionais que não trabalham no Serviço Nacional de Saúde, o coordenador da task force para o plano de vacinação, Francisco Ramos, explicou ao PÚBLICO que se reuniu com as ordens do sector – médicos, enfermeiros, farmacêuticos e médicos dentistas – e lhes pediu ajuda para delinear um método para identificar os profissionais e pôr em prática a operação. “Não há uma data precisa para o início da vacinação”, afirmou. A única coisa que está garantida, por enquanto, é que serão vacinados durante a primeira fase (até Abril), afirma.
Na reunião de quarta-feira, Francisco Ramos fez uma apresentação power point na qual se pode ler que os profissionais de saúde não SNS estarão a 11 de Janeiro na fase designada por “em curso identificação”. Tal significaria que nessa data começariam a ser identificados – e não vacinados – estes profissionais.
Entrevistada pela RTP na quarta-feira à noite, a ministra da Saúde, Marta Temido, não avançou uma data definitiva para o início da vacinação dos profissionais do sector privado.
O processo vai continuar nas unidades de saúde (onde começou a 27 de Dezembro), vai abranger no início de Janeiro os lares “dos concelhos de risco extremo, os profissionais do INEM e o pessoal de saúde das Forças Armadas”, explicou Marta Temido. “Temos mais três semanas de Janeiro e é nessas três que contamos iniciar a vacinação” dos profissionais do sector privado de saúde, anunciou, mas “ainda sem data definitiva”.
Num comunicado com data de quarta-feira, a Ordem dos Médicos anunciou que tinha lançado nesse dia um inquérito junto dos médicos para identificar quem trabalha fora do Serviço Nacional de Saúde e quer ser vacinado. Essa listagem seria depois entregue à tutela, indicou o bastonário Miguel Guimarães, no comunicado.
A iniciativa surgia depois de a OM receber contactos de vários médicos do sector privado e social, e das próprias unidades de saúde que não sabiam quando começaria a vacinação e queriam ser informados.
Também a associação que representa os hospitais privados considerou que “as 15 mil pessoas que asseguram o tratamento e a assistência a mais de quatro milhões de doentes por ano [no sector privado]” têm de ser incluídas “no nível de prioridade também atribuído aos profissionais do sector público”.
Tal inclusão afigura-se “como decisiva no esforço nacional conjunto para conter e, mais à frente, vencer o vírus”, acrescentou a Associação Portuguesa dos Hospitais Privados (APHP).
Fonte oficial desta associação disse que o plano a ser delineado com o Ministério da Saúde, deverá passar por uma intervenção da Ordem dos Médicos, que terá identificado quais os médicos que tencionam ser vacinados através do inquérito lançado.
Em Portugal, a primeira fase da vacinação contra a covid-19 foi destinada a profissionais de saúde que lidam directamente com doentes afectados pelo coronavírus SARS-Cov-2 e começou a 27 de Dezembro. A ministra da Saúde, Marta Temido, justificou esta escolha como “pragmática”, mas lembrou que é “apenas o primeiro momento da primeira fase”.
Notícia alterada às 21h30 de dia 31 de Dezembro após declarações de Francisco Ramos