Entre a pedra e a pena, os faraós de Marselha continuam a erguer a sua pirâmide

Mais de 30 anos depois do início da carreira, os IAM permanecem com os pés e a cabeça em Marselha – mas também no Antigo Egipto e em Nova Iorque. Entre la pierre et la plume, livro editado em França, é mais uma porta de entrada no universo e mitologia de um super-grupo que continua até aos dias de hoje a agitar a complexa sociedade gaulesa.

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Podíamos ter feito esta entrevista em Lisboa! O primeiro encontro que todos os membros de IAM fizeram para o último álbum, Yasuke, foi em Lisboa durante três dias. O álbum começou aí. Mas nunca lá tocámos, Portugal é um dos raros países onde nunca demos um concerto”, é a primeira coisa que Philippe Fragione, mais conhecido por Akhenaton, nos diz a partir da sua Marselha natal. Fragione, 52 anos, nascido em 1968, pai de três filhos, é o líder informal dos IAM, grupo histórico do hip-hop francês fundado em 1988 e um dos mais influentes na música francesa das últimas décadas. A banda publicou Entre la pierre et la plume, falso livro de memórias co-escrito por si e Baptiste Bouthier, jornalista do Libération. Entre a pedra e a pena, o peso e a leveza; entre a pedra e a caneta, a violência e o espírito, a poesia e o seu potencial de sublimação... O título inspira-se, revela Fragione, no romance épico Musashi (1935), do japonês Eiji Yoshikawa, acerca do célebre kensei do século XVII Miyamoto Musashi. Entre la pierre et la plume não é um compêndio de datas e factos, curiosidades e citações de algibeira, antes um objecto que, percorrendo mais de 30 anos de carreira, coloca em primeiro plano aquilo que liga uma canção e um livro, aquilo, afinal, que os IAM sempre tiveram como fundamental na sua música: a palavra.

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