Sondagens na Hungria dão oposição à frente do partido de Orbán

Fidesz está a descer ligeiramente nos inquéritos de opinião. Os partidos que acabaram de se unir ganharam terreno.

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Viktor Orbán YVES HERMAN/Reuters

O partido Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán, surge em segundo lugar nas intenções de voto na Hungria, atrás do movimento de partidos da oposição, numa sondagem do instituto Republikon publicada no site de jornalistas independentes Telex.

Orbán enfrenta uma eleição mais complicada em 2022, com os efeitos da pandemia do coronavírus e com uma oposição muito diversa que se uniu com o principal objectivo de o afastar no poder.

O apoio ao Fidesz desceu dois pontos percentuais para 30%, segundo esta sondagem, feita entre 8 e 15 de Dezembro, ainda antes de a oposição, que já deram indicação sobre uma aliança anti-Orbán, formalizar o movimento. Os partidos que se juntaram agora têm 35%, tendo subido três pontos percentuais. A sondagem não é muito diferente do que têm apontado outros inquéritos de opinião, com uma recente do instituto Median a mostrar uma queda de seis pontos percentuais num mês chegando aos 34%, e a oposição a ganhar mais dois pontos percentuais chegando aos 36%.

O primeiro-ministro acabou de sair de um contencioso com a União Europeia em que levou longe uma ameaça de vetar o orçamento plurianual da UE e o programa de apoio à economia em resposta à pandemia devido à possibilidade de suspensão de verbas a países que não cumpram as regras do Estado de direito. Depois de ter garantido que não o faria, Orbán acabou por concordar com uma adenda que permite aos países recorrerem ao Tribunal de Justiça da UE.

A oposição usou esta questão para criticar o Governo devido à possibilidade de, se cumprida a ameaça, a Hungria receber muito menos verbas da UE. Orbán acabou por ceder, até porque não podia abdicar destes fundos no ano antes das eleições. E a maioria dos eleitores que diziam conhecer a ameaça de veto manifestavam-se contra, dizendo que enfraqueceu a posição da Hungria na UE – isto apesar de o Governo ter grande controlo sobre a narrativa nos media.

Também o afastamento de Jozsef Szajer, um dos fundadores do Fidesz em 1988 e figura muito próxima de Orbán, foi um golpe para o partido. Não só por o eurodeputado ter quebrado as regras do confinamento na Bélgica, tendo participado numa orgia gay, mas também pelo motivo da festa, quando Szajer (que é casado com uma juíza do Tribunal Constitucional) pertencer a um partido que defende a família tradicional e que discrimina a homossexualidade.

O Governo de Orbán está a fazer cada vez mais estreito o espaço para oposição, e o historiador britânico Timothy Garton Ash diz mesmo que o país terá dificuldade em reverter a sua situação, porque já é “algo como um autoritarismo híbrido ou um sistema autoritário concorrencial”. A pandemia foi uma oportunidade para concentrar ainda mais poder.

A oposição tenta encontrar força ao juntar-se para ter maior dimensão, já que o Governo também alterou o sistema para dar mais força a partido grandes e com representação em todo o território. Mas é uma incógnita o que poderá acontecer a uma aliança que junta partidos tão diferentes como o Momentum, movimento liberal saído da sociedade civil e cuja primeira acção foi contra a candidatura de Budapeste aos Jogos Olímpicos, e o Jobbik, que já foi de extrema-direita mas que perante a viragem do Fidesz à direita se foi posicionando cada vez mais para o centro.

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