Novo pacote anticrise nos EUA já tem luz verde

Com as medidas de apoio extraordinárias lançadas em Março prestes a chegar ao fim, Democratas e Republicanos chegaram a um acordo para lançar mais 900 mil milhões de dólares de ajuda a empresas e famílias.

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Nancy Pelosi, líder da Câmara dos Representantes Reuters/KEN CEDENO

Ao fim de vários meses de difíceis negociações e com as primeiras medidas tomadas logo no início da crise já a esgotar-se, o Congresso dos Estados Unidos aprovou durante a madrugada desta terça-feira um novo pacote de ajuda no valor de 900 mil milhões de dólares (cerca de 735 mil milhões de euros), garantindo por exemplo a entrega de cheques às famílias, novos apoios financeiros aos sectores de actividade mais afectados ou o reforço temporário do valor do subsídio de desemprego.

Depois de, no passado mês de Março, os EUA terem lançado um primeiro plano de apoio federal com um valor de perto de dois biliões de dólares (cerca de 1,85 biliões de euros), a dificuldade de entendimento entre Republicanos e Democratas foi adiando por várias semanas a aprovação de um novo pacote. E esse novo pacote era considerado urgente pela grande maioria dos economistas, uma vez que a ajuda dada inicialmente se estava a esgotar e o nível de actividade económica e de emprego registados nos EUA estão, apesar da retoma do terceiro trimestre, muito abaixo daquilo que acontecia antes da crise.

Agora, com o ano a chegar ao fim, a ajuda a esgotar-se e um novo presidente a chegar à Casa Branca, os dois lados decidiram avançar para o acordo possível. Deixaram para mais tarde um eventual entendimento em dois temas onde as discussões têm sido particularmente difíceis: os Republicanos queriam que as empresas ficassem protegidas de processos interpostos por causa da pandemia e os Democratas pretendiam uma ajuda substancial para os Estados e os municípios, mas os dois lados abdicaram, para já, destas exigências, permitindo a aprovação do pacote de 900 mil milhões de dólares na Câmara dos Representantes, dominada pelo Partido Democrata, e no Senado, dominado pelo Partido Republicano. As duas câmaras do Congresso desbloquearam ainda 1,4 biliões para o orçamento do governo federal, um valor que permite o seu normal funcionamento até ao final do actual ano fiscal, a 30 de Setembro.

Em relação ao plano de emergência contra a crise, existe, do lado dos Democratas a expectativa de que, com Joe Biden na presidência, será possível vir a discutir um novo pacote de ajuda a partir do final do próximo mês.

Para já, no entanto, os 900 mil milhões de euros agora aprovados vão trazer um alívio a empresas e famílias em várias frentes, através de uma série de medidas:

- Envio de cheques. Repetindo, ainda que de forma mais moderada, uma medida tomada em Março, o Governo federal vai enviar cheques de 600 dólares por pessoa (cerca de 490 euros), para aqueles que auferem menos de 75 mil dólares ao ano (cerca de 61 mil euros). A medida irá custar 166 mil milhões de dólares (cerca de 130 mil milhões de euros).

- Reforço do subsídio de desemprego. O valor do subsídio de desemprego será reforçado, de forma extraordinária, em 300 dólares por semana (cerca de 245 euros), alargando-se a elegibilidade a alguns dos trabalhadores em situação mais precária. No anterior pacote o reforço tinha sido de 600 dólares.

- Escolas apoiadas. Com o objectivo de tornar o regresso às aulas mais seguro, serão entregues às escolas e às universidades mais 82 mil milhões de dólares (cerca de 67 mil milhões de euros), para que estas possam investir em equipamentos e infra-estruturas.

- Financiamento do sector dos transportes. Um apoio de 45 mil milhões de dólares (cerca de 36 mil milhões de euros) será entregue a um dos sectores mais afectados pela pandemia, o dos transportes, através de apoios às companhias aéreas, aos aeroportos, às empresas ferroviárias e à construção de auto-estradas, por exemplo.

- Apoio nas rendas. A moratória ao pagamento de rendas será prolongada até 31 de Janeiro, prevendo-se ainda a disponibilização de 25 mil milhões de dólares (cerca de 20 mil milhões de euros) para o pagamento de rendas e de contas de electricidade e água.

- Correios com crédito perdoado. O empréstimo de 10 mil milhões de dólares (cerca de 8,2 mil milhões de euros) atribuído em Março à empresa de correios US Postal Service será convertido em financiamento directo.

- Ajuda no pagamento de salários. Serão disponibilizados empréstimos no valor de 284 mil milhões de dólares (cerca de 232 mil milhões de euros) para que as empresas consigam fazer face, durante a fase mais crítica, ao pagamento de salários, sem que sejam forçadas a reduzir o número de efectivos.

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