Assim fala a bióloga Sónia Negrão na Irlanda
Os organismos geneticamente modificados e o herbicida glifosato foram dois dos temas da conversa com a investigadora portuguesa.
A convidada desta semana do podcast “Assim Fala a Ciência” é Sónia Negrão, professora e investigadora em fisiologia de plantas no University College em Dublin, na Irlanda. Também já passou pela Universidade de Ciência e Tecnologia do Rei Abdullah, em Jeddah, na Arábia Saudita. É doutorada em biologia pela Universidade Nova de Lisboa. E na sua nota biográfica que consta de um livro de piadas sobre ciência de que somos co-autores (Toda a Ciência Menos as Partes Chatas) pode ler-se que Sónia Negrão era “fã incondicional do programa TV Rural e que por isso se licenciou em engenharia agronómica, no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa”.
Conversámos sobre plantas geneticamente modificadas, designadamente sobre as que chegam ao nosso prato e que alguns designam por “Frankenfood”. Discutimos a segurança alimentar dos alimentos organismos geneticamente modificados (OGM) e abordámos o polémico glifosato, um herbicida usado em conjunto com plantas que foram modificadas para lhe resistirem. Alguns argumentam que o glifosato provoca cancro e que por isso deveria ser proibido. Na discussão do Orçamento do Estado para 2021 foi aprovada uma proposta que proíbe a venda de glifosato a utentes não profissionais.
Falámos também das preocupações ambientais que se levantam em reacção às variedades agrícolas OGM, tais como a redução da biodiversidade das sementes usadas pelos agricultores e o risco de libertação de espécies modificadas na natureza, com eventuais consequências nefastas. Sónia Negrão comentou ainda as preocupações de natureza económica, ou seja, a dependência dos agricultores em relação às empresas que vendem as sementes geneticamente modificadas. Perguntei-lhe se, invocando o princípio de precaução, não poderíamos dispensar totalmente as plantas desse tipo.
Mas não conversámos apenas sobre OGM. Sónia Negrão falou também do seu trabalho na Irlanda que visa identificar variedades mais resilientes e adaptáveis de malte. O malte é um tema muito sério naquele país, por ser a base da produção de whiskey e de cerveja! Tendo em vista o impacto das alterações climáticas na produção de malte, ela procura identificar variedades de malte que possam ser mais tolerantes a variações de temperatura e a alagamentos.
Também lhe perguntei pelo seu trabalho anterior, na Arábia Saudita, onde procurou identificar variedades de plantas mais resistentes à salinidade. Num território sem rios e onde a água potável e para a irrigação é obtida por dessalinização de água salgada, esse é um objectivo essencial. Também quis saber como, sendo mulher, foi a sua vida durante os cinco anos que passou na Arábia Saudita.
“Assim Fala a Ciência” é um podcast quinzenal do PÚBLICO, aos sábados, que tem o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos e que co-organizo com Carlos Fiolhais, professor de física da Universidade de Coimbra. Falamos com cientistas portugueses no mundo, procurando combater a desinformação.
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Este programa tem o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos.