Música para “superintérpretes”
O inconformismo perante os modelos herdados, a superação dos limites dos instrumentos, o gosto pelo risco e as exigências técnicas, artísticas e emocionais colocadas pela música de Beethoven continuam a fascinar intérpretes de várias gerações.
Para assinalar o 250º aniversário e Beethoven, o CCB encomendou uma nova obra a Miguel Azguime, cuja estreia aconteceu a 15 de Dezembro. O resultado foi “um trio virtuoso ‘à Beethoven’”, nas palavras do compositor, remetendo ao mesmo tempo para a instrumentação dos Trios op. 11 e op. 38 e para a configuração do Triplo Concerto, que o grande mestre alemão também usou. “Beethoven fez música difícil, exigente para os intérpretes, aspecto que é moeda corrente na música contemporânea. Eu também quis escrever para super-intérpretes”, disse Azguime ao Ípsilon, referindo-se aos solistas do Sond’Ar-te Electric Ensemble: Nuno Pinto, Filipe Quaresma e Elsa Silva. A necessidade de “super-intérpretes” está implícita no discurso de numerosos músicos do passado e do presente e é transversal a diferentes géneros e contextos musicais, mesmo que não se aplique a todas as obras. Intérpretes de várias gerações continuam a referir-se a Beethoven como inconformista e visionário, autor de obras complexas do ponto de vista musical e emocional, que exigem grande resistência física e psicológica.
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