Robert Lewandowski é “The Best” pela primeira vez
Avançado polaco do Bayern Munique foi distinguido pela FIFA como o melhor jogador de 2019-20, ficando à frente de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.
Nem Cristiano Ronaldo, nem Lionel Messi. Robert Lewandowski, avançado polaco do Bayern Munique, recebeu nesta quinta-feira o prémio “The Best” atribuído pela FIFA ao melhor jogador de 2019-20.
Num ano em que os prémios da FIFA não terão a concorrência dos da France Football (que cancelou a cerimónia por causa da pandemia), esta foi a primeira vez que o avançado de 32 anos recebeu a distinção, sendo que nunca tinha estado sequer entre os três mais votados em anos anteriores do “The Best” e de outras variações do prémio que é anualmente atribuído pela FIFA.
Era uma distinção esperada para um jogador que foi instrumental numa época cheia de sucessos para o Bayern Munique, vencedor da Liga dos Campeões na final em Lisboa, campeão alemão pela oitava vez consecutiva e triunfante na Taça da Alemanha. Lewandowski foi o melhor marcador nas três competições – 34 golos na Bundesliga, 15 na Champions e seis na taça – para um total de 55 golos em 2019-20. E em 2020-21, o avançado polaco vai pelo mesmo caminho, já com 18 golos em 17 jogos.
Numa cerimónia realizada sem público, em Zurique, Lewandowski sucedeu a Lionel Messi, vencedor em 2019. Para Cristiano Ronaldo, esta foi a terceira época consecutiva em que não foi “The Best” na votação da FIFA, ele que tinha vencido em 2016 e 2017. Esta foi a segunda vez em cinco anos que o vencedor do prémio não foi Ronaldo ou Messi – em 2018, o vencedor tinha sido o croata Luka Modric.
Ronaldo e Messi, os habituais dominadores destes prémios, tiveram épocas ao seu nível em termos individuais, mas Juventus e Barcelona não tiveram o sucesso da formação bávara. O português marcou 37 golos, mas a “vecchia signora” “só” conseguiu ser outra vez campeã italiana, enquanto o argentino marcou 31 numa época desastrosa e sem títulos para o gigante catalão.
Numa eleição decidida com votos dos seleccionadores, dos capitães das selecções, de um painel de jornalistas e dos adeptos, Lewandowski foi o melhor por larga margem em todas as votações, recebendo 52 pontos (resultantes da combinação dos quatro grupos de votos, segundo explica o regulamento da FIFA).
Ronaldo ficou em segundo, com 38 pontos (foi o segundo mais votado em três das quatro votações), enquanto Messi ficou em terceiro, com 35 pontos (foi o segundo mais votado entre os seleccionadores).
O polaco sucedeu a Lionel Messi, vencedor em 2019. Para Cristiano Ronaldo, esta foi a terceira época consecutiva em que não foi “The Best” na votação da FIFA, ele que tinha vencido em 2016 e 2017. Esta foi a segunda vez em cinco anos que o vencedor do prémio não foi Ronaldo ou Messi — em 2018, o vencedor tinha sido o croata Luka Modric. Foi a segunda vez que Ronaldo ficou em segundo nos prémios “The Best”, Messi nunca tinha ficado em terceiro, sendo que os dois estiveram entre os três mais votados nesta versão dos prémios FIFA.
No sempre interessante “quem votou em quem”, este será um ano em que ninguém irá criticar Carlos Queiroz por não ter votado em Ronaldo — o português foi despedido do cargo de seleccionador da Colômbia antes da votação e não houve ninguém que tenha votado por ele. Ronaldo votou em Lewandowski, Messi e Mbappé, Messi votou em Neymar, Mbappé e Lewandowski. Quanto ao polaco, deu os seus votos a Thiago Alcântara, Neymar e Kevin de Bruyne. Já Fernando Santos, diz sempre que Ronaldo é o melhor do mundo e vota de acordo com as suas palavras — CR7 em primeiro, Lewandowski em segundo, Neymar em terceiro.
A cerimónia, marcada ainda pelas homenagens aos recém-falecidos Diego Maradona e Paolo Rossi, teve Zurique como base e todos os prémios foram entregues à distância com a excepção de um. Quando chegou a altura da revelação final, com Lewandowski, Messi e Ronaldo em videoconferência, surgiu Gianni Infantino em directo (e numa encenação nada convincente) a partir de um telemóvel, algures em Munique, para entregar o troféu em pessoa ao polaco — nada surpreendido, a julgar pela sua reacção quando o presidente da FIFA lhe apareceu à frente. Quanto a Messi e Ronaldo, a assistir a tudo em stream, mantiveram o rosto fechado de quem estava ali a cumprir uma obrigação.
“Ganhar um prémio destes ao lado de Messi e Ronaldo é inacreditável e tem um significado enorme. Há muito tempo que esperava que uma coisa como esta acontecesse. Isto significa que não interessa de onde vimos, o que interessa é o que investimos”, disse Lewandowski após receber o troféu da FIFA, ele que é o primeiro polaco a receber este galardão. Antes, nunca nenhum polaco tinha estado entre os três mais votados do ano, sendo que, nos tempos em que a Bola de Ouro da “France Football” era o único prémio deste género, houve dois polacos votados para o terceiro lugar – em 1974, Kazimierz Deyna ficou atrás de Cruyff e Beckenbauer; em 1982, Zbigniew Boniek perdeu para Paolo Rossi e Alain Giresse.
Parece tardia a chegada de Lewandowski a estas distinções, ele que tem sido um dos grandes goleadores da última década. A marcar sem parar desde 2006, Lewandowski apresenta números impressionantes: 445 golos em 638 jogos, mais 63 em 116 internacionalizações pela Polónia. Foi uma descoberta de Jurgen Klopp no campeonato polaco, tornando-se numa das grandes figuras do Borussia Dortmund durante quatro épocas, saindo depois a custo zero para o Bayern, onde manteve um impressionante registo nas sete épocas seguintes. De golos e de títulos.