Livraria Barata acorda parceria com a Fnac
Por iniciativa da Câmara de Lisboa, a histórica livraria da Avenida de Roma, que corria o risco de fechar, irá sobreviver com o apoio da cadeia de lojas francesa.
Criada em 1957 por António Barata, que seria várias vezes detido por vender livros proibidos pelo regime, a Livraria Barata começa agora uma nova vida aliada à Fnac, numa parceria promovida pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) no âmbito do programa Lojas com História.
“Numa altura em que as livrarias tradicionais enfrentam um grave período de crise, a Fnac, desafiada pela Câmara Municipal de Lisboa, juntou-se a uma iniciativa tripartida com o objectivo de preservar o património cultural e de cidadania da Livraria Barata”, diz um comunicado enviado ao PÚBLICO.
Há já algum tempo que a livraria da Avenida de Roma vinha procedendo a obras de remodelação no seu piso térreo, com nova estantaria e a criação de um espaço onde a Fnac venderá, segundo o mesmo comunicado, “vinis, produtos de papelaria, jogos e brinquedos, instrumentos musicais, merchandising, e equipamentos de som e de telecomunicações”. Caberá ainda à Fnac “a gestão do catálogo” e a “disponibilização do stock de livros”.
Um modelo de negócio que “posiciona a Fnac no mercado tradicional, sem concorrência directa nas novas categorias a explorar, e numa localização na qual a marca ainda não está presente, área essa com uma população residente cada vez mais jovem”, diz o documento enviado à imprensa, acrescentando que, para a Livraria Barata, se trata de “uma sinergia importante no quadro de um plano mais amplo de reposicionamento da marca e do espaço da livraria, numa aposta de futuro que pretende reestruturar o negócio, aproximando-o de novos públicos e oferecendo novos produtos e actividades”.
O comunicado assegura ainda que esta “oportunidade de renovar a sua atitude” não implicará, para a histórica livraria lisboeta, “perder ou condicionar os seus valores humanistas e de cidadania, de defesa da cultura, da arte, do livro e da educação.
No início do próximo ano, o piso inferior da livraria, onde António Barata guardava os livros proibidos, deverá sofrer obras de remodelação para se transformar num local para exposições e outras iniciativas.
A Câmara de Lisboa começou a acompanhar mais de perto a situação da livraria no final de Abril deste ano, quando surgiram as primeiras notícias de que o encerramento imposto pela pandemia deixara a Barata em risco de ter de fechar definitivamente as portas. E esta parceria com a Fnac é apenas “o primeiro pilar” de um plano de apoio à livraria que está ainda a ser desenvolvido e que irá ser apresentado em 2021, esclarece a nota enviada à imprensa.
A livraria manterá a sua designação comercial, e o apoio da cadeira francesa à loja portuguesa será apenas publicitado num acrescento ao logótipo tradicional da Barata, no qual se lerá “powered by Fnac”.