Suspeito de atropelar mortalmente agente da PSP fica em prisão preventiva

O guarda prisional foi ouvido esta segunda-feira por um juiz. Está indiciado pelos crimes de homicídio qualificado, violência doméstica e ofensas à integridade física. Estava há cinco meses de baixa psiquiátrica, relacionada com uma dependência de bebidas alcoólicas, e já tinha cumprido pena por condução sob o efeito de álcool.

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Nuno Ferreira Santos

O guarda prisional de 52 anos, que é suspeito de ter atropelado mortalmente no sábado à noite, o agente da PSP, António Doce, de 45 anos, vai aguardar a investigação ao caso em prisão preventiva, a medida de coacção mais gravosa. Esta foi a decisão do juiz de instrução depois de, nesta segunda-feira, ter ouvido o arguido durante mais de seis horas. Está indiciado pelos crimes de homicídio qualificado, violência doméstica e ofensas à integridade física.

O homem tinha já cumprido 36 fins-de-semana de prisão, entre Junho de 2017 e Fevereiro de 2018. Em causa, segundo apurou o PÚBLICO junto de fonte policial, esteve a condenação, em 2017, a uma pena de prisão efectiva de um ano por condução sob o efeito de álcool.

Cumpriu essa pena na modalidade de prisão por dias livres. Quer isto dizer que trabalhava durante a semana no Estabelecimento Prisional de Sintra e ao fim-de-semana cumpria pena no Estabelecimento Prisional de Évora.

Porém, os seus problemas de álcool terão continuado e estava há cerca de cinco meses de baixa psiquiátrica, relacionada com a dependência de bebidas alcoólicas. Terá inclusive tentado regressar ao trabalho em Outubro, mas o seu superior hierárquico entendeu que ainda não teria condições para voltar. Esta dependência seria conhecida entre os colegas, nomeadamente pelos seus superiores.

No seu cadastro, o guarda prisional, terá ainda uma detenção, em 2016, por violência doméstica. Segundo a SIC adiantou, e o PÚBLICO confirmou, foi detido pela GNR de Alcabideche, junto a umas roulottes em São Pedro de Sintra. Agredira a companheira e envolveu-se em confrontos com outras pessoas que tentaram evitar as agressões.

Cena de ciúmes

No sábado à noite terá sido mais uma vez o problema de alcoolismo que o levou a fazer uma cena de ciúmes e a agredir a companheira, no Rossio de S. Brás, em Évora, onde iriam passar o fim-de-semana. António Doce, agente da PSP, que estava de folga, estava junto ao quiosque que a mulher gere naquele local e ao assistir às agressões - o guarda prisional estaria a arrastar a mulher pelo chão, foi socorrer a vítima.

Acabou por ser mortalmente atropelado pelo guarda prisional. Segundo a PSP, o agente foi arrastado cerca de 40 metros. António Doce, que tinha dois filhos, não resistiu aos ferimentos e faleceu às 00h45 de domingo, no hospital.

O agressor fugiu e parou no posto da GNR de Montemor-o-Novo, onde se queixou de ter sido agredido. Os militares não sabiam do que tinha sucedido e deixaram-no seguir. Acabou por ser detido, pela GNR, horas mais tarde, em Sintra, na sua residência.

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