Nagorno-Karabakh: Confrontos continuam depois da primeira violação do cessar-fogo
Arménia e o Azerbaijão responsabilizam-se mutuamente por terem violado o acordo de paz que em Novembro pôs fim ao maior confronto desde 1991 entre as duas antigas repúblicas soviéticas.
Um mês depois do acordo negociado pela Rússia para pôr fim ao pior conflito entre a Arménia e o Azerbaijão desde o fim da guerra travada em 1991, os dois países envolveram-se em novos confrontos. O Ministério da Defesa azerbaijano disse este domingo que quatro dos seus soldados morreram quando as suas unidades foram atacadas em zonas adjacentes à região de Nagorno-Karabakh, enquanto as autoridades arménias afirmam que seis dos seus soldados foram feridos.
O acordo alcançado pelo Presidente russo, Vladimir Putin, considerado “indescritivelmente doloroso” pela Arménia e uma vitória histórica pelo Azerbaijão, prevê que as forças arménias se retirem de quase todo o enclave no centro da disputa e deu aos azerbaijanos o controlo do estratégico Corredor Lachin, onde está situada a única auto-estrada que liga Nagorno-Karabakh à Arménia.
As forças de manutenção de paz russas enviadas entretanto para a região confirmaram “trocas de tiros com armas automáticas” na zona de Hadrut e dizem ter enviado às duas partes pedidos para que respeitem o cessar-fogo, que até agora não tinha sido violado.
“A Arménia não deve começar tudo de novo”, disse o Presidente azerbaijano, Ilham Aliyev, durante um encontro com diplomatas dos Estados Unidos e da França. “Desta vez, vamos destruí-los completamente”, avisou o chefe de Estado, que na quinta-feira assinalou a vitória com uma parada militar onde esteve o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, grande aliado de Bacu.
No sábado, o Exército arménio denunciou ataques em duas vilas do enclave que devem permanecer sob o controlo de forças da região dissidente. “As provocações do Azerbaijão continuaram hoje nas vilas de Mets Shen e Hin Shen, na região de Hadrut”, lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Erevan.
Reconhecido como parte do Azerbaijão, Nagorno-Karabakh tem uma população de etnia arménia e até ao acordo de 10 de Novembro era controlada por arménios. Nos 44 dias de combates que deixaram mais de 5600 mortos, o exército azerbaijano conquistou posições na região, obrigando os arménios a aceitar o acordo de paz.
Os quase 2000 soldados enviados por Putin para o território vão monitorizar o cessar-fogo e supervisionar o regresso dos refugiados azerbaijanos.