Sondagem dá vitória confortável a Marcelo à primeira volta nas presidenciais
O recandidato presidencial resiste à crise pandémica e luta pelo segundo lugar promete ser renhida.
Uma sondagem realizada pelo ISCTE e ICS, revelada esta sexta-feira pelo jornal Expresso, mostra que, se as eleições presidenciais fossem hoje, a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa recolheria 66% dos votos, ou seja, dois terços dos portugueses votariam no actual Presidente, o que lhe garantiria uma vitória tranquila à primeira volta. As eleições para a Presidência da República estão marcadas para 24 de Janeiro.
A posição que Marcelo Rebelo de Sousa ocupa nesta sondagem deixa claro que os cinco anos que leva no Palácio de Belém não o desgastaram, apesar de o país estar mergulhado numa crise pandémica. Mas o estudo também mostra que Marcelo, que esta semana apresentou a sua recandidatura a Belém, não atingirá a meta dos 70,35% alcançados por Mário Soares em 1991.
Os seus cinco anos de mandato merecem nota positiva por parte de 78% dos inquiridos — 29% muito, 49% algo satisfeitos —, contra apenas 20% que fazem uma avaliação negativa. Esta aprovação chega a 88% dos simpatizantes socialistas, 90% entre sociais-democratas.
Neste estudo fica evidente que Marcelo Rebelo de Sousa continua a consolidar a sua posição, surgindo bem destacado dos outros candidatos com uma diferença de 53 pontos em relação ao segundo candidato, Ana Gomes, seguindo-se André Ventura em terceiro. O líder do Chega que foi o primeiro a juntar-se à corrida a Belém e já garantiu que se demitirá da presidência do partido se ficar atrás de Ana Gomes nestas eleições. Marisa Matias ocupa a quarta posição e João Ferreira, que tem o apoio do PCP, a quinta. Destes quatro candidatos, Ana Gomes, que se candidatou sem o apoio do PS (o seu partido), surge com 13% das intenções de voto e os outros três estão separados por apenas dois pontos percentuais: André Ventura com 9%, Marisa Matias com 7% e João Ferreira com 5%.
A seis semanas das presidenciais, este estudo evidencia que Ana Gomes, que pretende ocupar o espaço socialista, se destaca não apenas na intenção de voto à primeira volta, mas também numa eventual segunda volta. Em relação à sondagem de Outubro, a ex-eurodeputada sobre um ponto percentual, mas mantém-se à mesma distância do terceiro, já que André Ventura sobe dos oito para os nove pontos, muito próximo da meta que fixou para si próprio – chegar aos 10% -, mas distante do segundo.
Numa eventual segunda volta contra Marcelo Rebelo de Sousa (um cenário bastante improvável), Ventura partiria numa posição menos confortável relativamente à ex-eurodeputada do PS: em resultados brutos ficaria com 7%, já Marcelo subiria dos 66% para os 71%, ao passo que a ex-eurodeputada chegaria aos 12%, com o recandidato Marcelo a baixar para os 62%. Por outras palavras, Marcelo ganharia por 64 pontos a Ventura e por 50 à antiga embaixadora.
A sondagem dá conta de um outro dado curioso: 35% dos eleitores de esquerda dizem votar em Marcelo, um valor que representa quase o somatório dos três candidatos desse mesmo espaço político. A equipa do ISCTE e ICS questionou os inquiridos sobre o eleitor-tipo de André Ventura e concluiu que ele é sobretudo masculino (7% dos homens que vão votar votarão nele, contra 3% das mulheres), mas também jovem (7% de votos entre 18 e 24 anos, 8% entre 25 e 44 anos) e menos instruído (12% dos eleitores com ensino secundário, contra 1% dos que têm curso superior).
O perfil dos eleitores de Marisa Matias e de João Ferreira são diferentes. A candidata presidencial apoiada pelo Bloco vai buscar mais votos às mulheres, aos mais jovens e com maior grau de instrução. Por seu lado, João Ferreira capta melhor o voto masculino e eleitores mais velhos, sem diferenciação por grau de instrução.
Em resposta à pergunta sobre se a opção de voto “é definitiva ou ainda pode mudar”, os inquiridos nesta sondagem parecem garantir o seu voto ao actual Presidente uma vez que 77% garantem já ter uma decisão fechada e 20% admitem ainda escolher outro candidato. A sondagem revela que são aqueles que escolhem votar Marcelo que mais dão o seu voto por fechado (85%), ao contrário de 46% dos que ponderam votar em Ana Gomes, de 47% dos que votarão Marisa Matias e de 43% dos que apoiarão João Ferreira.
As eleições presidenciais parecem ser pouco apelativas para o eleitorado mais jovem. Entre os que responderam a este estudo, 35% dos quais têm entre 18 e os 24 anos, revelam que não vão votar no dia 24 de Janeiro. A situação é não é muito diferente na faixa etária 15 e 44 anos, com 24% a assumir que não vão votar.
Estas respostas evidenciam que a abstenção poder ser mais elevada entre os eleitores que afirmam não ter nenhuma simpatia partidária e também aqui há um universo de 35% de eleitores que não pretendem votar.
A sondagem do ISCTE e ICS para o Expresso foi realizada entre os dias 11 e 25 de Novembro. O universo deste estudo é constituído por indivíduos de ambos os sexos, com idade e igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral activa, residentes em Portugal Continental. A informação foi recolhida, através de entrevista directa e pessoal na residência dos inquiridos. Foram contactados 2847 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 802 entrevistas válidas (taxa de resposta 28%). A margem de erro máxima é de +/-3,5%, com um nível de confiança de 95%.