Rio já fez as contas: cada português vai pagar 300 euros para a TAP

O presidente do maior partido da oposição vai reunir-se esta quinta-feira com o ministro das Infra-estruturas e da Habitação para se inteirar do plano de reestruturação da companhia aérea, mas não fecha a porta a uma eventual liquidação da empresa.

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L+ider do PSD esteve reunido com a direcção da Confederação do Turismo de Portugal LUSA/RODRIGO ANTUNES

O líder do PSD ainda não tem uma posição fechada sobre o plano de reestruturação da TAP porque só mais tarde vai reunir-se com o Governo, mas Rui Rio já fez as contas a quanto é preciso para custear a empresa: “O dinheiro que se quer injectar na TAP, fora o resto, são três mil milhões de euros, e isso são 300 euros a cada português”.

“Não sei se têm a noção, mas é preciso que os portugueses comecem a perceber que além do que pode vir, vão ter de pagar 300 euros cada um”, declarou Rui Rio, nesta quinta-feira, após a reunião com a Confederação do Turismo de Portugal - que representa o sector económico que considera ser o mais afectado pela pandemia -, admitindo que a hipótese de liquidação da transportadora aérea pode ser preferível se o plano de reestruturação do Governo não der garantias de que a empresa será rentável no futuro, “ao contrário do passado”.

Questionado sobre se o PSD defende a liquidação da empresa caso o plano não dê essa segurança, Rio não fechou a porta a essa possibilidade. “Sim, se o plano de reestruturação não conseguir ter respostas capazes que nos garantam que de futuro não será igual ao que tivemos no passado, isso é evidente. Ter, no futuro, o que tivemos no passado, acho dramático para as finanças públicas portuguesas”, afirmou.

Aos jornalistas, Rio começou por dizer que concordava com a decisão do primeiro-ministro, António Costa, de ter recuado na ideia de levar o plano de reestruturação da transportadora aérea a votação no Parlamento, porque na sua opinião, isso seria “abrir um precedente grave” por se tratar de uma matéria que é da responsabilidade do Governo, e sublinhou que o Governo está a pedir que os 10 milhões de portugueses se “ponham de joelhos a pagar.”

Insistindo que “não podemos fechar os olhos a esta situação e pôr 10 milhões de portugueses de joelhos a pagar”, o líder social-democrata referiu que foram muitas as greves que a TAP fez ao longo dos anos e aproveitou para avivar memórias: “Os pilotos fizeram uma greve em 2014 de propósito no Natal e na passagem de ano, prejudicando fortemente muitos portugueses a quem agora estão a pedir a cada um 300 euros para ajudar. Estas coisas têm de ser tidas em conta no momento de uma decisão destas”, contextualizou o líder do PSD para perguntar: “Qual é a segurança que o país pode ter ao meter tanto dinheiro na TAP de que depois a TAP, passado quatro ou cinco meses, não vai ter uma greve e começar a parar como é todo o seu historial ao longo dos anos, com os portugueses a pagarem os prejuízos dessas greves”.

Antes de se referir aos elevados salários pagos pela transportadora área, o também deputado do PSD falou da posição que a TAP assumiu no âmbito do layoff motivado pela pandemia em que a empresa não aplicou a mesma regra que foi seguida pelo resto das empresas. “No layoff, os trabalhadores levaram um corte de salários de um terço nos salários até 1900 euros, a partir daí o corte de 100%, já a TAP impôs um corte de um terço dos salários a todos os salários, independentemente do montante. Isso significa que “alguém que ganhasse 15 mil euros por mês, e não são pouco, ficou a ganhar 10 mil euros”, apontou, revelando que os “níveis salariais dos trabalhadores da TAP são muito superiores aos níveis salariais de todas as demais empresas de aviação do mundo e isto tudo é pago com os impostos dos portugueses”.

Perante este histórico, Rio voltou a insistir: “Qual é a segurança que os portugueses podem ter de que o plano de reestruturação é aplicado, cada um de nós vai dar mais 300 euros em média para a TAP, e depois, passados poucos meses, a TAP não entra outra vez na mesma situação que entrou ao longo da sua vida com greves atrás de greves?”. 

O presidente do PSD aproveitou para criticar o Governo, dizendo que “esteve muito mal” quando reverteu a decisão e privatização tomada pelo Governo do PSD e do CDS.

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