Mais de metade das empresas de restauração tem três meses de rendas em atraso

Inquérito da AHRESP mostra que empresários da restauração tentaram baixar rendas, mas 65% dos proprietários não aceitaram.

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Paulo Pimenta

Boa parte (75%) das empresas de restauração e bebidas explora os negócios em espaços arrendados, quase metade (45%) não pagou a renda em Novembro e 65% têm três, ou mais, meses de rendas em atraso, revela o último inquérito mensal da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), divulgado esta quinta-feira.

No universo das empresas que trabalham em espaços arrendados, 62% “já tentaram reduzir o valor da renda mensal. No entanto, 65% dos senhorios não aceitaram qualquer redução”, revela a associação em comunicado. “As rendas comerciais pesam, em regra, 20% nos custos de funcionamento”, avança a estrutura associativa.

O Governo deverá aprovar esta quinta-feira apoios às rendas comerciais.

A AHRESP destaca que os resultados do inquérito, realizado no final de Novembro, confirmam “a situação de profunda dificuldade em que as actividades económicas da restauração e do alojamento se encontram, após oito meses de crise pandémica”.

Ainda no sector da restauração e bebidas, o inquérito revela que “40% das empresas ponderam avançar para a insolvência, dado que as receitas realizadas e previstas não permitirão suportar todos os encargos que decorrem do normal funcionamento da sua actividade”. E que “a quebra de facturação do mês de Novembro foi avassaladora: 56% das empresas registaram perdas acima dos 60%”.

Como consequência da forte redução de facturação, “cerca de 16% das empresas não conseguiram efectuar o pagamento do salário em Novembro e 15% só o fizeram parcialmente”, refere a mesma fonte, acrescentando que “46% das empresas já efectuaram despedimentos desde o início da pandemia, e, destas, 30% reduziram o quadro de pessoal entre 25% e 50%, e 17% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo”.

A AHRESP adianta ainda que no que respeita ao novo Programa Apoiar, “à data do inquérito 46% das empresas referiram não ter apresentado candidatura e mais de 48% que, caso não obtenham incentivos a fundo perdido, nos próximos dois meses não dispõem de tesouraria suficiente para manter os seus negócios”.

No que se refere ao alojamento turístico, o inquérito revela que “39% das empresas não registaram qualquer ocupação no mês de Novembro e 32% indicaram uma ocupação máxima de 10%”. Para o mês de Dezembro, “cerca de 45% das empresas estimam uma taxa de ocupação zero, e 32% das empresas perspectivam uma ocupação máxima de 10%”.

Para os meses de Janeiro e Fevereiro “a estimativa de ocupação zero agrava-se, sendo referida por mais de 56% das empresas”.

Neste segmento, “mais de 18% das empresas ponderam avançar para insolvência por não conseguirem suportar todos os normais encargos da sua actividade”.

Como consequência da forte redução de facturação (39% das empresas registaram perdas acima dos 90%), mais de 25% das empresas disseram não ter conseguido efectuar o pagamento de salários em Novembro e 9% só o fizeram parcialmente”.

Ao nível do emprego, 28% das empresas já efectuaram despedimentos desde o início da pandemia.

No segmento do alojamento, apenas cerca de 29% das empresas dizem explorar os seus negócios em espaços arrendados, mas 54% das empresas já tentaram reduzir o valor da renda mensal, boa parte sem sucesso (64% dos senhorios não aceitaram qualquer redução). Cerca de “42% dos arrendatários já estão em incumprimento, dos quais 60% já têm cinco ou mais meses de rendas em atraso”.

Em relação ao novo Programa Apoiar, à data do inquérito, 65% das empresas declararam não ter apresentado candidatura e cerca de 32% das empresas referem que, caso não obtenham incentivos a fundo perdido, nos próximos dois meses não dispõem de tesouraria suficiente para manter os seus negócios.

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