Nos empregos do futuro, a análise de dados e a inteligência artificial serão essenciais
De acordo com o Fórum Económico Mundial 2020, vão surgir novas funções, mas também vai haver menos procura de alguns dos trabalhos já existentes. Há “potencial” para trabalho remoto ou híbrido.
A automatização do trabalho tem vindo a crescer ao longo dos anos e, em conjunto com a recessão que a pandemia de covid-19 trouxe, está a surgir um cenário de “dupla interrupção” para os trabalhadores. O Fórum Económico Mundial 2020, em parceria com o Fundo Monetário Internacional, prevê que possam vir a emergir novos empregos no campo da tecnologia, como analistas e cientistas de dados e especialistas em inteligência artificial, e de profissões ligadas à estratégia e ao marketing digital, como a gestão de redes sociais, vendas e produção de conteúdos, que permite trabalhar com vários tipos de pessoas. Pelo contrário, vai reduzir a procura por empregos ligados à administração, à montagem, à reparação e ao atendimento ao público.
Prevê-se que, até 2025, 85 milhões de empregos no mundo sejam adaptados de forma a conciliar o trabalho entre humanos e máquinas. Além disso, espera-se que possam surgir 97 milhões de novas funções que permitam também esta divisão laboral, mas com a inserção de algoritmos. “Durante a última década, um conjunto de inovações e tecnologias emergentes sinalizaram o início da quarta revolução industrial”, pode ler-se no documento divulgado pelo Fórum Económico Mundial.
As empresas vão ter de se adaptar: 43% das empresas pesquisadas pelo Fórum Económico Mundial, que inclui vários sectores, estão a procurar obter “mais automatização e reduzir a força de trabalho” humano; 34% quer aumentar a força de trabalho “como um resultado da integração tecnológica mais profunda”, enquanto 41% procura contratar pessoas para tarefas especializadas.
Espera-se que mesmo aqueles que mantenham os empregos necessitem de actualizar 40% das competências para o futuro mercado de trabalho, por forma a responder à quarta revolução industrial. Além disso, conclui-se também que o sector público precisa de dar um apoio mais forte para a requalificação e qualificação dos trabalhadores em risco de perder o emprego ou vê-lo adaptado. Apenas 21% das empresas dizem “ser capazes de usar fundos públicos para apoiar os funcionários” de forma a conseguirem actualizar as suas competências.
O relatório faz ainda referência ao teletrabalho e ao trabalho em regime híbrido. Segundo o documento, a plataforma online Glassdoor mostra que, desde 2011, o teletrabalho quase duplicou, uma vez que, com a covid-19, as empresas tiveram de se ajustar. 84% dos empregadores estão prontos para agilizar a “digitalização dos processos do trabalho” (como o “uso de ferramentas digitais e videoconferências”), que permite um aumento do teletrabalho, e os empresários dizem existir “potencial” para que 44% das pessoas trabalhem remotamente ou em regime híbrido. Apesar disso, 78% deles “esperam algum impacto negativo na produtividade” dos funcionários. No entanto, muitas empresas estão a tomar medidas para os ajudar na adaptação. Os serviços de alojamento e de alimentos, a agricultura, a construção e os transportes são sectores que não permitem o trabalho remoto e, face à situação actual, estão em risco de desemprego.
Em 2025, relativamente às soft skills, vão ser valorizadas as capacidades de “pensamento analítico e de inovação”, a “resolução de problemas complexos”, a “criatividade, originalidade e a iniciativa”, a “flexibilidade”, bem como a “gestão do stress” e a “inteligência emocional” dos empregados.
Texto editado por Ana Maria Henriques