Pornhub proíbe download de vídeos e exige identificação
Site de partilha de vídeos pornográficos foi acusado de lucrar com a pornografia infantil e com a destruição de vidas de adolescentes, cujos vídeos foram partilhados sem o seu consentimento.
O site de pornografia mais visto em todo o mundo, o Pornhub, anunciou que vai deixar de aceitar a publicação de vídeos por utilizadores anónimos e retirou a funcionalidade que permitia a transferência desses vídeos para os computadores. O reforço das regras de segurança é anunciado cinco dias depois de um colunista do New York Times, Nicolas Kristoff, ter denunciado casos de exploração e tentativas de suicídio de jovens que viram os seus vídeos publicados no Pornhub.
Num comunicado publicado esta quarta-feira, a empresa disse que vai implementar, a partir de 2021, um sistema de verificação de identidade dos utilizadores que queiram partilhar vídeos. Até lá, só os parceiros oficiais do site podem publicar vídeos.
Para além da verificação de identidade e do fim da funcionalidade que permitia o download de vídeos, a empresa anunciou que reforçou a sua equipa de moderadores de conteúdo – as pessoas que são responsáveis por identificar e remover vídeos com todo o tipo de relações não consensuais ou que infrinjam outras leis de privacidade e direitos humanos.
No comunicado, a empresa diz que o anúncio resulta de uma auditoria independente, iniciada em Abril, às suas regras de funcionamento.
No sábado, o colunista do New York Times Nicolas Kristoff acusou os donos do Pornhub de lucrarem com a publicação de milhares de vídeos em que crianças, adolescentes e mulheres adultas são expostas a todo o tipo de crimes – da filmagem ilegal em balneários e casas de banho, a violações e ao abuso sexual de menores.
O artigo conta a história de algumas dessas vítimas, incluindo duas jovens que tentaram o suicídio por duas vezes nos últimos anos, depois de a publicação de vídeos sem o seu consentimento terem destruído as suas relações familiares e nas escolas.
Uma delas, Serena K. Fleites, de 19 anos, desistiu da escola e tornou-se toxicodependente nos anos que se seguiram à publicação, no Pornhub, de um vídeo que enviou a um namorado quando tinha 14 anos. Fleites vive hoje num carro na cidade de Bakersfield, no estado norte-americano da Califórnia.
No artigo, o colunista do Times faz também eco das críticas às empresas que beneficiam de casos como o de Serena Fleites, como as empresas de cartões de crédito Visa e Mastercard. Ao contrário do sistema PayPal, as duas gigantes do crédito não cancelaram a sua colaboração com o Pornhub.
Para além de poder reduzir a partilha de vídeos de exploração infantil e de cenas de violação, o reforço das regras do site foi bem recebido pela indústria profissional da pornografia, que foi afectada, nos últimos anos, pelo download de pornografia legal de forma gratuita.