Do outro lado do mundo: uma viagem pelo cinema asiático
Nomes como Park Chan-Wook, Bong Joon-ho e Wong Kar Wai surpreendem com filmes plenos de emoções à flor da pele, para lembrar que o cinema asiático não pode deixar de estar na nossa mira.
Como explicar o encantamento do cinema asiático? Em primeiro lugar, pelo facto de nascer numa cultura completamente diferente da nossa – e a curiosidade, obviamente, justifica parte do fascínio. Mas é sobretudo pela forma de fazer cinema, naquele lado do mundo, que somos, por tantos filmes, conquistados de imediato.
Por algumas películas e realizadores, somos atropelados sem dó nem piedade por um realismo nu e cru, com uma fotografia em tons vibrantes como os néones das suas cidades e cenas de violência magistralmente coreografadas, pensadas e filmadas, como autênticas obras de arte. Por outros, somos surpreendidos pela delicadeza na forma e conteúdo, na subtileza das suas narrativas e nos gestos lentos da câmara.
Há filmes que nos levam pelos meandros dos crimes dos Yakuza (máfia japonesa) ou pelos bairros miseráveis da população mais pobre da Coreia do Sul, e outros que nos mostram a importância de bem servir um chá, vestir um kimono ou preparar a dorayaki (panqueca japonesa) perfeita. Na verdade, é assim que o mundo gira, num eterno (des)equilíbrio entre o bem e o mal, o feio e o belo, o rico e o pobre, e o cinema asiático demonstra-o como mais nenhum.
Sempre com um inabalável compromisso com a realidade, a sétima arte do continente asiático é um universo vasto e fascinante onde há filmes noir, western spaguetti, dramas, thrillers, filmes românticos, de aventura, biopics e outros tantos géneros. E a boa notícia é que agora existe uma plataforma de streaming onde pode deliciar-se com estes filmes, desde os clássicos aos grandes êxitos dos nossos tempos: a Filmin.
Obras-primas do cinema asiático para descobrir na Filmin
Com uma oferta de dezenas de filmes vindos do outro lado do globo, há na Filmin um canal totalmente dedicado ao cinema asiático, repartido em várias categorias como “Anatomia do Japão moderno”, “A Era Dourada do Japão”, “O Cinema da China”, “Do Novo Cinema a Hallyuwood”, “Wong Kar Wai”, entre outros. Uma colecção completíssima, onde não faltam desde os realizadores consagrados da segunda metade do séc. XX aos sucessos dos últimos anos.
Em “A Era Dourada do Japão” encontramos os clássicos incontornáveis de Akira Kurosawa, um dos realizadores japoneses mais marcantes e conhecido por retratar o passado do seu país em histórias sobre samurais e os tempos medievais. Destacam-se filmes como, por exemplo, “Os Sete Samurais” (1954) que retrata uma aldeia japonesa do séc. XVII, cujos habitantes, cansados de serem saqueados por bandidos, decidem contratar um samurai veterano, que forma um grupo de sete samurais que se tornarão os guardiães da aldeia; “Ran - Os Senhores da Guerra” (1985), que adapta a peça “Rei Lear” aos temas e ambientes do Japão Medieval, resultando num inesquecível espetáculo visual, rico na sua dramaturgia e detalhes; ou “Dodeskaden” (1970), um filme nomeado a Óscar que consiste em vários episódios da vida dos habitantes de um pequeno bairro de lata.
Encontram-se ainda outros filmes de realizadores da mesma altura, como Yasujiro Ozu (“O Gosto de Sakê”, de 1962, ou “Viagem a Tóquio”, de 1953) e Kenji Mizoguchi (“Os Amantes Crucificados”, de 1954, ou “Festa em Gion”, de 1953). Na categoria “Anatomia do Japão moderno” descobrimos verdadeiros retratos do país do sol nascente atual, como “Shoplifters - Uma Família de Pequenos Ladrões” (2018), de Hirokazu Kore-eda, um filme vencedor da Palma de Ouro e nomeado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, que traz a dura vida de uma família de pequenos ladrões; “Esplendor” (2017), de Naomi Kawase, nomeado para a Palma de Ouro no Festival de Cannes, uma história sobre a delicadeza dos sentidos e uma perspectiva comovente sobre o poder da visão; ou “Uma Pastelaria em Tóquio” (2015), também de Naomi Kawase, um filme tocante sobre a solidão e a passagem do tempo, com as deliciosas e míticas dorayakis (panquecas japonesas) como pano de fundo.
Já em “Do Novo Cinema a Hallyuwood” encontramos os mais recentes sucessos do cinema sul-coreano, que nos últimos anos tem vindo a destacar-se cada vez mais e a deixar a sua marca na sétima arte. A começar por “Old Boy – Velho Amigo” (2003), do incontornável Chan-wook Park, considerado um dos filmes coreanos mais marcantes de todos os tempos, sobre o desejo ardente de vingança de dois homens em rota de colisão; ou “Parasitas” (2019), um espelho explosivo do abismo entre as classes sociais na Coreia do Sul, vencedor da Palma de Ouro para Melhor Filme no Festival de Cannes, e o grande vencedor dos Óscares de 2020, tendo recebido a estatueta para Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Realizador e Melhor Guião Original. Não podíamos deixar de falar da colecção de filmes de “Wong Kar Wai”, o realizador de Hong-Kong que nos arrebata o coração com dramas delicados e profundos como “Disponível para Amar” (2000) ou “Chungking Express” (1994). Motivos não faltam para explorar o catálogo de cinema asiático da Filmin e juntar novos títulos à sua lista de favoritos. Divirta-se!