Pandemia custou 4,3 milhões de empregos na UE até Setembro

Produto Interno Bruto da União Europeia cresceu 11,5% no terceiro trimestre, um recorde desde 1995. Portugal tem o quarto maior crescimento em cadeia.

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Portugal está no lote de nove países que só deverão recuperar os níveis pré-crise depois de 2022 Rui Gaudêncio (arquivo)

Tal como já se esperava, a economia europeia viveu um período de recuperação no terceiro trimestre de 2020, permitido pelo gradual desconfinamento e regresso à actividade económica. Isso teve reflexo positivo em termos de emprego, ainda que no fim de Setembro houvesse menos 4,3 milhões de pessoas empregadas do que no fim de 2019.

Mesmo assim, é um resultado melhor do que aquele que se verificava no final do segundo trimestre, altura em que, segundo o Eurostat, a UE tinha perdido 5,5 milhões de empregos face ao último trimestre de 2019. Números que, no entanto, não têm em conta os milhões de europeus que, nesse período, estiveram parcial ou totalmente parados por estarem abrangidos por medidas como o layoff.

PIB com crescimento recorde

Segundo o Eurostat, que divulgou hoje mais dados relativos ao Produto Interno Bruto (PIB) na zona euro e no conjunto da União Europeia (UE), a variação em cadeia entre Julho e Setembro foi a maior desde 1995. Mesmo assim, o resultado fica uma décima abaixo do que era estimado. Na comparação homóloga com 2019 o PIB reflecte um recuo de 4,3% no conjunto dos países do euro. Os sinais de Novembro eram negativos: o regresso aos confinamentos parciais ou totais gerou expectativas de novo recuo do PIB no quarto trimestre.

Quanto ao trimestre anterior, segundo a entidade estatística europeia, o PIB da zona euro e da UE subiu 12,5% (a anterior estimativa era de 12,6%) e 11,5%, respectivamente, face ao segundo trimestre de 2020, que foi o mais afectado pelo confinamento ditado pela luta antipandemia. Tanto num caso como no outro, são subidas recorde e os valores mais elevados desde o início desta série temporal, há 25 anos.

Tal desempenho deve-se sobretudo ao consumo privado, como mostra a decomposição dos agregados de despesa. O aumento em cadeia nesta componente, segundo o Eurostat, foi de 7,3 e 6,9 pontos percentuais na zona euro e na UE, respectivamente.

Também o investimento em formação de capital teve uma variação positiva, sendo o segundo factor com mais peso no crescimento. Em terceiro, ficou o consumo público.

Porém, não evita que a produção económica continue em níveis abaixo da registada no mesmo período de 2019. Na comparação trimestral homóloga, as economias da zona euro e da UE estavam, no início de Outubro de 2020, 4,3% e 4,2% abaixo de 2019.

Quem mais caiu tem as maiores subidas

Sem surpresa, os países que viveram as maiores quebras no segundo trimestre são aqueles que agora apresentam as maiores taxas de crescimento no terceiro trimestre. França (18,7%), Espanha (16,7%) e Itália (15,9%) lideraram os ganhos, com a economia portuguesa em quarto lugar, tendo crescido 13,3%.

Na comparação internacional, o desempenho português supera a média da UE na variação em cadeia (13,3% contra 11,5%), mas fica aquém da média europeia na comparação homóloga (quebra nacional de 5,7% contra o recuo europeu de 4,2%). 

No extremo oposto, Grécia (2,3%), Estónia e Finlândia (3,3% cada) e a Lituânia (3,8%) registaram os aumentos menores no PIB. Mas o significado é diferente para a Grécia, cujo PIB tinha recado 14,1% no segundo trimestre. Já os outros tinham tido as menores quedas em cadeia no segundo trimestre.

Na comparação homóloga, a Grécia apresentou, no terceiro trimestre, o pior resultado percentual (-11,7%), seguida da Croácia (-10,0%) e de Malta (-9,2%).

Portugal está no lote de nove países que só deverão recuperar os níveis pré-crise depois de 2022.

Pandemia custou 4,3 milhões de empregos até Setembro

O Eurostat também divulgou dados do emprego na UE e, tal como no PIB, a variação em cadeia é positiva e a mais elevada desde 1995. O dado mais significativo é, no entanto, o decréscimo de pessoas empregadas quando comparado com os números do quarto trimestre de 2019. Com base nos dados ajustados, o Eurostat calcula que a pandemia custou até Setembro de 2020 o emprego a 3,6 milhões de pessoas na zona do euro e 4,3 milhões no conjunto da UE.

O número de pessoas empregadas cresceu 1,0% na zona euro e 0,9% na UE, invertendo dois trimestres seguidos de quebra. Comparando com o período homólogo de 2019, o nível de emprego continuou mais baixo no fim de Setembro, com um recuo de 2,3% e 2% na zona do euro e na UE, respectivamente.

A agência estatística da UE realça a importância dos regimes de apoio ao emprego como o layoff na mitigação da destruição de emprego.

Irlanda, Espanha e Áustria foram os três países com maior crescimento no emprego, com Portugal a situar-se no 10.º lugar, ainda acima da média dos países do euro e do conjunto da UE. No terceiro trimestre, Portugal registou uma subida de 1,2% na taxa de emprego face ao segundo trimestre e um recuo de 2,6% na variação homóloga, o que também fica acima da média europeia.

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