Redacção do DN coloca em causa regresso diário às bancas por falta de condições

Conselho de Redacção nomeia escassez de recursos e meios para garantir edição diária com a qualidade que “o mercado” e “história” do jornal exigem.

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"Diário de Notícias" tem regresso às bancas como diário marcado para 29 de Dezembro DR

O Conselho de Redacção do Diário de Notícias (DN) considerou, esta segunda-feira, não existirem condições para o jornal voltar a ser diário nas bancas “com a qualidade que o mercado e a sua história exigem”. Esta posição é expressa num comunicado interno, ao qual a Lusa teve acesso, no qual o Conselho de Redacção (CR) do DN alerta a administração do Global Media Group (GMG) e os seus accionistas para este problema, a pouco mais de duas semanas do dia de regresso diário às bancas.

“Face à anunciada intenção de fazer regressar o Diário de Notícias ao modelo de jornal diário em banca a partir do próximo dia 29 de Dezembro, os membros do Conselho de Redacção do DN não abrangidos pelo processo de despedimento colectivo em curso entendem ser seu dever alertar que perante a proximidade da data mencionada, coincidindo com o 156.º aniversário do jornal, entende o CR que não estão neste momento reunidas as condições necessárias — quer ao nível de meios, quer da reestruturação da redacção ou mesmo das propaladas sinergias internas no grupo — para que o Diário de Notícias se apresente em banca” a partir daquela data “com a qualidade que o mercado e a sua história exigem”.

A decisão de fazer regressar a edição diária foi comunicada no início de Novembro, após a nomeação de Rosália Amorim para o cargo de directora do DN, que citou a intenção de Marco Galinha, novo accionista maioritário do Global Media Group, em ter de novo o jornal nas bancas como diário. A data definida para o regresso do formato diário é 29 de Dezembro.

Uma data que poderá estar em risco, visto que o CR considera que a redacção “foi brutalmente afectada pelo processo de despedimento colectivo em curso no Global Media Group”, garantindo que este processo se traduziu numa diminuição dos “recursos e capacidade, numa altura em que já se debatia com o grande sangramento de recursos verificado ao longo dos últimos anos”.

O órgão composto pelos jornalistas relembra ainda que no comunicado em que foi dado parecer positivo à directora Rosália Amorim, tinham elogiado a vontade de tornar o DN diário nas bancas e até a intenção de aproveitar a data histórica de 29 de Dezembro, mas manifestaram também a preocupação face à escassez de meios existentes, numa “redacção claramente subdimensionada face aos desafios que são anunciados”.

O CR alerta ainda para a multiplicidade de formatos a que a redacção já dá resposta, vincando que os jornalistas actuais “asseguram com dificuldade uma edição digital diária de nove textos, onde se incluem já alguns do Dinheiro Vivo, além da edição semanal impressa e dos conteúdos que alimentam o site – que foi, ao longo dos últimos tempos, o produto onde o DN registou maior crescimento e se posicionou melhor face à concorrência, apesar da enorme diferença de meios para outros títulos, pelo que não deve ser agora descurado”.

O órgão de redacção garante a vontade em relançar o DN “como um título relevante da imprensa portuguesa”, considerando que o jornal “não pode correr o risco de dar um tiro em falso que comprometa mais o seu presente e futuro”. Nesse sentido, o CR apela à administração que dê um passo tão importante como o regresso às bancas quando estiverem reunidas “todas as condições que permitam ao DN corresponder às expectativas do mercado e honrar a sua história”.

Mais importante “do que ter uma edição pronta a mostrar no dia 29 de Dezembro, é assegurar que as edições que se seguem têm a qualidade suficiente para justificar esse regresso diário do Diário de Notícias às bancas e para capitalizar a natural expectativa criada no mercado, caso contrário corre o risco de ser apenas mais um ato falhado, e isso não pode voltar a acontecer”.

Neste sentido, os membros eleitos do Conselho de Redacção entendem “apelar à direcção, à administração e aos accionistas que privilegiem a aposta num projecto bem sustentado, necessariamente com mais algum tempo de preparação e reflexão, ao compromisso com uma data que pode, nestas condições, revelar-se prejudicial à viabilidade do próprio projecto”.