Câmara do Porto estuda acesso condicionado para travar droga no Fluvial
Há dificuldades para quem pretende circular entre a parte de baixo junto ao rio e a parte de cima junto à ETAR das Sobreiras.
O presidente da Câmara do Porto avançou nesta segunda-feira estar a avaliar a transferência de um terreno das Águas do Porto, no Fluvial, com objectivo de impor um horário de acesso a um caminho e travar consumo de droga.
“Está no nosso horizonte fazer duas coisas: uma, é o caminho estar aberto durante o dia e encerrado durante a noite, até por razões de segurança. Parece-nos a solução mais razoável. Ou seja, ter uma rede e ter um portão accionados de maneira que não cause constrangimentos aos moradores, mas pelo contrário, lhes garanta a segurança”, revelou Rui Moreira, depois da intervenção de uma munícipe na reunião do executivo.
O autarca informou ainda, que não tendo as Águas do Porto competências em algumas matérias, está a ser a estudada com a empresa a possibilidade de transferir aquele terreno para o município, tendo já sido pedida uma avaliação, pelo que a solução poderá ser implementada dentro das próximas semanas.
Na sessão camarária, a munícipe Guilhermina Gonçalves criticou a solução encontrada pela empresa municipal Águas do Porto, que vedou os acessos laterais da ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais] de Sobreiras, encerrando, com um “muro”, um arruamento utilizado pelos moradores entre a zona junto ao rio e o jardim do Fluvial, onde o consumo de droga na via pública levou já à criação de um grupo informal com cerca de 300 subscritores em defesa de um “Jardim sem drogas”.
Reconhecendo que a situação carece da tomada de medidas de saúde pública e de policiamento, a munícipe defendeu que seja restabelecida a circulação.
Adiantando que a autarquia está a monitorizar diariamente a situação naquele local, o independente explicou que a solução “preventiva” e “provisória” foi implementada a pedido do tal grupo de moradores informal, tendo em conta a proliferação do consumo de drogas na via pública e os actos de vandalismo no local.
Durante a discussão, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, referiu que visitou na semana passada o local, tendo tido conhecimento de dois abaixo-assinados, com cerca de 70 subscritores, que pedem a reabertura do arruamento.
A comunista comprovou por experiência própria as “dificuldades sérias” de quem pretende circular entre a parte de baixo junto ao rio e a parte de cima junto à ETAR das Sobreiras.
“Aquele caminho sempre existiu na vida das pessoas, sempre foi respeitado. Há cerca de trinta anos a câmara fez umas escadas para facilitar a subida do caminho. Naturalmente, não se conformam, e têm toda a razão. A maioria dos idosos, sem carro, não consegue vir cá em cima. Esta situação tem mesmo de que ser resolvida, é uma questão de interesse público. Não se deve prolongar esta situação”, defendeu.
Rui Moreira insistiu que a questão não é tão simples de resolver e relatou que tanto as vedações da ETAR como a Pousada da Juventude se deparam recorrentemente com problemas de vandalização.
Também o vereador socialista Manuel Pizarro considera que a solução não pode passar pelo encerramento daquele arruamento, estando de acordo com a ideia hoje revelado pelo presidente da câmara.
Pizarro sublinha, contudo, ter existido alguma inacção por parte das Águas do Porto, que conduziu “à solução extrema de fechar o caminho”.
Em Novembro, o Grupo “Jardim Fluvial sem drogas”, que reúne cerca de 300 moradores daquela zona do Porto, responsabilizava a ARS-N, o SICAD e a PSP pela proliferação do consumo de droga na via pública, acusando estas entidades de inacção.
“Mandei vários mails ao SICAD [Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências], perguntei que tipo de intervenção é que estão a fazer no local, nunca responderam. A ARS-N [Administração Regional de Saúde do Norte] respondeu-me com um email muito formal e institucional, como quem diz esse problema não é nosso, vamos varrer para debaixo do tapete. Estas duas entidades estão a falhar claramente”, afirmou o porta-voz do movimento, Rui Carrapa.
À data, em declarações à Lusa, o morador descrevia a situação como “verdadeiramente dramática”, com consumo na via pública “à frente de toda a gente” especialmente no período entre o final da tarde e início da noite.