Ryanair faz despedimento colectivo no Porto e culpa sindicato

Estão em causa 23 postos de trabalho na base do Porto. Empresa diz que há excesso de tripulantes e que a falta de acordo não permite outra solução.

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Reuters/Francois Lenoir

A Ryanair vai avançar com um despedimento colectivo no Porto e diz que a culpa é a falta de um acordo com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC). Segundo o sindicato, estão em risco os postos de 23 trabalhadores. 

“A 13 de Novembro, após intensas negociações, a Ryanair assinou um acordo com o SNPVAC”, escreve a companhia aérea numa resposta à Lusa. “Lamentavelmente, o acordo assinado não foi aceite pelos associados do sindicato”, prossegue, pelo que, “como resultado”, tem “de lidar com o actual excesso de tripulantes de cabine, avançando com um despedimento colectivo”.

A empresa refere ainda que não tem vagas para tripulantes de cabine em Portugal, mas antes excesso. Esta posição da Ryanair surge depois de, na sexta-feira, o SNPVAC ter acusado a empresa de violar o Código do Trabalho, ao iniciar um despedimento colectivo na base do Porto enquanto promove cursos de formação para novos tripulantes.

“Enquanto a Ryanair inicia um processo de despedimento colectivo, o SNPVAC tem conhecimento que a companhia está a realizar, em simultâneo, cursos para novos tripulantes, violando grosseiramente o Código de Trabalho”, afirmou o sindicato, em comunicado enviado às redacções.

Segundo os representantes dos trabalhadores, a Ryanair retomou, a 1 de Dezembro, o processo de despedimento colectivo de tripulantes de cabine na base do Porto, que abrange 23 profissionais, “dando assim cumprimento às suas ameaças”.

O SNPVAC disse, também, que apelou para que a companhia aérea irlandesa, durante a última semana, chegasse a um entendimento entre as partes, mas, “infelizmente, a empresa optou por outro caminho”, reiniciando o processo de despedimento colectivo.

Na resposta à Lusa, a Ryanair refere que o acordo rejeitado pelos sócios do SNPVAC tinha termos semelhantes ao acordo a que diz ter conseguido “com a maioria dos tripulantes de cabine em Portugal”, e lamenta que a decisão deste sindicato “leve à perda de empregos”, apesar dos esforços que fez “para proteger o emprego”.

“Mesmo as previsões mais conservadoras apontam para uma retoma a partir de 2021, com necessidades adicionais de pessoal a partir de 2022. Não faz sentido ajustar a estrutura a uma situação transitória para depois aumentar nos anos seguintes, com custos adicionais de recrutamento e formação”, defende o SNPVAC.

A entidade sindical lamenta que a Ryanair não demonstre uma “real intenção de salvaguardar os seus recursos humanos”, após várias semanas de negociação com os representantes dos tripulantes.