Caetano Veloso foi ao cinema com memórias do cárcere, sem lenço e com documento
Caetano Veloso já tinha escrito sobre a sua reclusão em plena ditadura militar brasileira, mas nunca tinha falado publicamente sobre isso como o faz no filme Narciso em Férias, de Renato Terra e Ricardo Cali, que se estreou no Festival de Veneza e pode ser visto este domingo no DocLisboa, na Culturgest, às 10h30.
“Caminhando contra o vento/ Sem lenço, sem documento/ No sol de quase dezembro/ Eu vou…” Quando Caetano Veloso lançou Alegria, alegria, o seu segundo single, em Novembro de 1967, estava longe de imaginar que, um ano depois, aquele Dezembro não lhe traria Sol mas trevas. Levado ainda de madrugada do seu apartamento em São Paulo pouco depois do Natal, no dia 27 de Dezembro de 1968 (o mesmo sucedeu com Gilberto Gil), esteve 54 dias preso, primeiro sem acusação formada, depois sob suspeitas absurdas. A história desse período terrível, onde chegou a temer pela vida, contou-a ele no livro Verdade Tropical, editado pela Companhia das Letras em 1997, num capítulo que preenche a terceira parte do livro, intitulado “Narciso em férias”.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.