Neve, estradas cortadas, queda de árvores: Protecção Civil registou 144 ocorrências
Na sequência da passagem da depressão Dora, a Protecção Civil registou 144 ocorrências até às 12h relacionadas com a queda de árvores e neve, que já cobre parte do país. Em Montalegre e Vila Pouca de Aguiar, as aulas foram suspensas. Lisboa e Leiria com aviso vermelho a partir do meio-dia.
Um total de 144 ocorrências, embora sem efeitos muito graves, foram contabilizadas pela Protecção Civil entre as 00h00 e as 12h desta sexta-feira, resultante dos primeiros efeitos da tempestade Dora que passa por Portugal continental até à madrugada de domingo.
Segundo adiantou aos jornalistas o Comandante de Assistência ao Comando Nacional de Emergência e Protecção Civil, Belo Costa, na manhã desta sexta-feira, as condições atmosféricas adversas da tempestade Dora, que motivou o “estado de alerta especial” do dispositivo nacional, não tinha causado, até ao momento, “nada de significativamente grave”, havendo apenas a registar quedas de árvores, postes de electricidade, placards e alguns deslizamentos de terras, tudo semelhante a “um dia normal de Inverno”. No Porto, uma queda de árvore interrompeu o serviço de metro entre as estações da Levada e Campainha, em Gondomar.
Este responsável da Protecção Civil apontou quatro factores meteorológicos que justificam a subida do estado de alerta, nomeadamente “vento forte”, “agitação marítima em todos os distritos costeiros”, “queda de neve, sobretudo no Norte e interior do país em zonas a partir dos 700 metros de altitude” e “temperatura baixa”, que associada ao vento provocará “desconforto térmico”.
Em declarações à agência Lusa, Carlos Pereira, comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) avançou que, das 144 ocorrências, 68 foram relacionadas com queda de árvores e 48 de desobstrução de vias devido à neve. Os distritos mais afectados foram Vila Real, Viseu, Coimbra e Leiria, referiu.
A maior parte das ocorrências registaram-se entre as 09h e as 12h, hora em que “as pessoas começaram a sair de casa” e a ir para o trabalho.
Até às 09h, a Protecção Civil tinha registo de 44 ocorrências, a maioria também relacionadas com a queda de árvores e de neve, de acordo com um balanço anterior feito à Lusa.
Segundo Carlos Pereira, nas últimas horas a situação tem estabilizado e “pouco mais tem havido”. O comandante notou também que as estradas de acesso ao maciço central da Serra da Estrela continuam encerradas devido à queda de neve.
Carlos Pereira renovou ainda o apelo para que a população evite “circular perto da orla costeira”, devido à agitação marítima forte, que levou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) a emitir aviso vermelho para Lisboa e Leiria. Por isso, a ANEPC alerta para o agravamento das condições meteorológicas, prevendo-se um aumento da intensidade do vento, precipitação, a descida da temperatura e o aumento da agitação marítima na costa ocidental.
A ANEPC recomenda à população que garanta a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais, que adopte uma condução defensiva, face à possibilidade de formação de lençóis de água e gelo nas vias, que evite circular em vias com acumulação de neve e que tenha especial cuidado na circulação junto da orla costeira e zonas ribeirinhas sujeitas a inundações rápidas.
Lisboa e Leiria com aviso vermelho a partir das 12h
O IPMA colocou sob aviso vermelho, o mais grave de uma escala de quatro, os distritos de Lisboa e Leiria devido à previsão de agitação marítima forte na sequência dos efeitos da depressão Dora em Portugal continental. Estes dois distritos vão estar sob aviso vermelho, o mais grave de uma escala de quatro, entre as 12h e as 21h desta sexta-feira por causa da agitação marítima, prevendo-se ondas de noroeste com 7 a 8 metros de altura significativa, podendo atingir 14 metros de altura máxima.
O aviso vermelho corresponde a uma situação meteorológica de risco extremo. Nesta situação, o IPMA recomenda que as pessoas se mantenham ao corrente da evolução das condições meteorológicas e sigam as orientações da Protecção Civil. Por causa da agitação marítima forte, o IPMA colocou também a costa dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Setúbal, Beja e Faro, o Norte da Madeira e Porto Santo sob aviso laranja até às 00h de domingo.
O IPMA emitiu um aviso amarelo para os distritos de Braga, Vila Real, Viana do Castelo, Porto, Bragança, Viseu, Guarda e Castelo Branco devido à queda de neve acima de 1400/1600 metros, descendo gradualmente a cota para 700/900 metros, até às 6h de domingo.
Sob aviso amarelo (menos grave) estão ainda os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda e Castelo Branco devido à previsão de vento forte de noroeste, com rajadas até 95 quilómetros por hora nas terras altas até às 6h de sábado.
O aviso laranja indica situação meteorológica de risco moderado a elevado e o amarelo é emitido pelo IPMA sempre que existe risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica.
Aulas suspensas em Montalegre e Vila Pouca de Aguiar
A neve que pintou esta sexta-feira de branco vários municípios do distrito de Vila Real levou ao encerramento das escolas em Vila Pouca de Aguiar e Montalegre, e provocou constrangimentos nos transportes escolares de Boticas e Valpaços.
Desde madrugada que os meios da Protecção Civil e dos bombeiros estão espalhados pelas zonas mais altas do distrito de Vila Real em operações de limpeza de vias e a espalhar sal para que as estradas fiquem transitáveis.
Os agrupamentos de escolas de Montalegre e de Vila Pouca de Aguiar decidiram suspender as aulas nesta sexta-feira que antecede um fim-de-semana prolongado. David Teixeira, vice-presidente da Câmara de Montalegre, disse à agência Lusa que os alunos do Agrupamento de Escolas Doutor Bento da Cruz vão ficar em casa esta sexta-feira por precaução e porque as previsões apontam para um agravamento do estado do tempo durante o dia.
Neste agrupamento estudam cerca de 700 alunos, desde o ensino básico ao secundário, em escolas localizadas em Montalegre, Salto e Cabril. Em Vila Pouca de Aguiar, segundo fonte da autarquia, as actividades lectivas também foram suspensas.
Neste concelho, não se realizou o transporte escolar das zonas de montanha, como do Alvão, Jales e Padrela, e onde a queda de neve foi mais intensa. De Alturas do Barroso e de Sezelhe, em Boticas, esta manhã não desceram os autocarros escolares e, segundo o presidente da Câmara, Fernando Queiroga, também se verificaram algumas dificuldades na viagem dos professores para aquele concelho. Neste município, a Protecção Civil está no terreno desde as 5h a desimpedir o acesso às aldeias.
Em Valpaços, verificou-se alguma acumulação nas zonas mais altas e de fronteira com Vila Pouca de Aguiar e Chaves, e cerca de 100 alunos de algumas aldeias não foram à escola devido a constrangimentos na passagem dos autocarros da responsabilidade do município. Também neste concelho elementos da Protecção Civil e das Infra-estruturas de Portugal procedem a trabalhos de limpeza das vias nacionais e municipais.
As fontes referiram que, se necessário, a Protecção Civil está preparada para apoiar as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) na entrega de medicamentos ou refeições aos idosos, no âmbito dos serviços de apoio domiciliário. Fonte da GNR disse à Lusa que as principais vias rodoviárias da região estão transitáveis, aconselhando-se, no entanto, precaução nomeadamente da zona Autoestrada 24 (A24), entre Vila Real e Vila Pouca de Aguiar, na A7 e no Itinerário Principal 4 (IP4), na zona da serra do Marão.