Irão vai instalar novas centrifugadoras de enriquecimento de urânio na central nuclear de Natanz

Relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atómica diz que Governo iraniano pretende aumentar a sua capacidade de enriquecimento de urânio, violando o acordo internacional assinado em 2015.

Foto
Mural anti-americano em Teerão. O Governo iraniano está a agir para pressionar Joe Biden ABEDIN TAHERKENAREH/EPA

O Irão está a aumentar a pressão sobre o Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, com planos para instalar centrifugadoras de enriquecimento de urânio mais sofisticadas numa central subterrânea, desrespeitando o acordo nuclear internacional assinado, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

O relatório confidencial da agência da ONU, a que a Reuters teve acesso, diz que o Irão pretende instalar mais centrifugadoras avançadas IR-2m (com quatro vezes mais capacidade que as IR-1) na sua central de Natanz, que terá sido construída de maneira a aguentar um bombardeamento aéreo.

O acordo nuclear assinado pelo Irão só lhe permite usar centrifugadoras IR-1 de primeira geração, menos eficientes, na sua central subterrânea, as únicas autorizadas para enriquecer urânio. Teerão passou recentemente uma cascata de centrifugadoras IR-2 para Natanz.

“Numa carta datada de 2 de Dezembro de 2020, o Irão informou a Agência que o operador da Unidade de Enriquecimento de Urânio (FEP) de Natanz ‘pretende começar a instalar três cascatas de centrifugadoras IR-2m’ na FEP”, lê-se no relatório enviado aos Estados membros da AIEA.

O Irão tem vindo a violar várias das restrições centrais do acordo assinado em 2015 com o grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, China e Rússia, mais a Alemanha), o denominado Plano Abrangente de Acção Conjunta (JCPOA, na sigla em inglês), em resposta à decisão do Presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar o seu país do acordo e de reimpor sanções económicas devastadoras a Terrão.

O Governo iraniano já avisou que essas violações podem ser rapidamente revertidas se Washington recuar nas suas acções.

Joe Biden, que toma posse do cargo a 20 de Janeiro, já disse que faria regressar os Estados Unidos ao acordo se o Irão voltar a cumprir as restrições nucleares. O que pode levar a um impasse sobre quem deve dar o primeiro passo.