Pedro Proença opõe-se ao projecto da Superliga europeia
Presidente da Liga acredita em competições baseadas no mérito desportivo e não em modelos de mero negócio.
O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, reforçou esta sexta-feira, em entrevista à rádio francesa RMC, que está “totalmente” contra o projecto da Superliga europeia.
“Somos muito claros sobre este assunto. Opomo-nos totalmente à possibilidade de uma mega-liga que transcenda as realidades nacionais. Quem defende esse modelo de negócio, essa tipologia, não entende o ciclo de formação dos grandes clubes”, considerou Proença, destacando as diferenças entre o desporto profissional na Europa e nos Estados Unidos (EUA).
Segundo o dirigente, no caso português e europeu existe “a possibilidade de participar numa competição por mérito desportivo”, enquanto nos EUA o espaço é conquistado exclusivamente por mérito económico. É um erro desenhar uma Liga fechada, de uma dezena de clubes que beneficiam de uma dinâmica económica inalcançável para outros clubes”.
O líder da Liga vincou que o futebol profissional não vive sem o futebol amador, numa cadeia que vai do futebol distrital ao nacional, ao profissional e ao internacional.
“Todo esse ciclo deve ser respeitado. Se criarmos uma Liga inacessível, onde as pessoas ganham a sua entrada pelo peso económico, vamos distorcer o que tanto nos mobiliza”, considerou, apontando para o exemplo de “um Marselha anónimo”, que em tempos jogou na segunda divisão francesa, mas, pelo mérito desportivo, conseguiu ser campeão europeu.
E acrescentou: “É esta possibilidade, esta esperança que podemos criar através do desporto que torna o futebol europeu tão magnífico, com tanta qualidade e magia”.
Antecipar centralização de direitos
Entre vários outros assuntos, Proença abordou a questão dos direitos televisivos, mostrando-se favorável à centralização dos mesmos, salientando que há consenso nesse sentido entre a Federação, a Liga, os clubes e o poder político, mas assinalando que os actuais contratos dos clubes com as operadoras estão em vigor até 2028.
“Todos compreendem que é o único modelo que existe para rentabilizar as receitas dos clubes, para diminuir o fosso entre quem ganha mais e quem ganha menos, melhorar o produto audiovisual - que pode ser processado digitalmente ou não. Isto pode ser feito através da centralização desses direitos por meio do órgão regulador”, frisou.
Mais, Proença vincou que esta realidade já existe dentro da Federação Portuguesa de Futebol, uma vez que os direitos televisivos dos campeonatos não profissionais são centralizados pela federação, vaticinando que tal também acontecerá com os direitos audiovisuais das competições profissionais.
“Os contratos actuais assinados pelos clubes duram até 2027-2028. O que todos nós pensamos, e acho que todos concordamos, é que a melhor maneira de lidar com nosso produto de futebol é por meio desse modelo. Sabemos que existe este limite de tempo, mas faremos o nosso melhor para poder antecipar, com todos os parceiros, esta data. Este é o grande desafio que queremos ver concretizado”, concluiu.