Apenas 30% dos portugueses querem tomar a vacina da covid-19 mal ela esteja disponível
No final de Outubro apenas 21,7% dos inquiridos admitia tomar a vacina assim que ela estivesse pronta. Confiança na segurança e eficácia das vacinas a ser desenvolvidas aumentou.
Os portugueses estão mais confiantes na qualidade e eficácia da vacina contra a covid-19 e mais disponíveis para a tomar “quando estiver pronta”. A relação entre as duas variáveis é “muito relevante” nos resultados obtidos no mais recente Barómetro Covid-19: Opinião Social, salientou Carla Nunes, Carla Nunes, directora da Escola Nacional de Saúde Pública, na apresentação dos resultados, esta quinta-feira, no Infarmed. E os resultados são claros: se em Setembro 26% dos inquiridos pretendia “esperar muito tempo” ou “não tomar” a vacina, esse valor desceu para 18% nas respostas obtidas em Novembro.
A tendência mantém-se no outro extremo das respostas. Os resultados mais recentes do barómetro indicam que 30,6% das pessoas ouvidas pretende “tomar [a vacina] logo que esteja pronta”. Essa percentagem ainda é baixa, mas superior à de Setembro, que não ia além dos 26,5% e chegou mesmo aos 21,7% no final do mês de Outubro. Os que pretendem “esperar algum tempo antes de tomar” a vacina continuam a constituir a maioria: eram em Novembro 51,7%, um pouco mais dos 48% de Setembro.
Estes resultados aparecem directamente ligados ao nível de confiança dos inquiridos na segurança e eficácia das vacinas que estão a ser desenvolvidas, e cujos primeiros lotes devem chegar a Portugal já em Janeiro. Em Setembro, 48% de pessoas mostravam-se “confiantes” ou “muito confiantes” na qualidade das vacinas, mas essa percentagem saltou para mais de 63% na última quinzena de Novembro.
O barómetro analisou 2257 respostas recolhidas entre 19 de Setembro e 27 de Novembro. Olhando para a caracterização dos inquiridos, conclui-se que os homens (34%) estão mais disponíveis para uma toma imediata da vacina do que as mulheres (25%), confiando também mais na sua qualidade - 59% contra 47% -, e que os idosos também querem aceder à vacina mais rapidamente do que os mais jovens: são apenas 6% dos que dizem pretender esperar muito tempo ou nem tomar a vacina, contra os 26% de pessoas entre os 26 e os 45 anos que deram a mesma resposta.
Quem percepciona a informação das autoridades de saúde como incoerente ou contraditória também confia menos na vacina (57% destas pessoas dizem não confiar ou confiar “pouco”) e a intenção de a tomar mais rapidamente está também associada a quem considera ter um risco moderado ou elevado (28%) de desenvolver complicações graves na sequência da doença.
Na conferência desta quinta-feira, Carla Nunes resumiu assim o perfil de quem não estará disponível para tomar a vacina rapidamente: “São mais mulheres, mais jovens, que acham as medidas tomadas pelo Governo pouco ou nada adequadas e que a informação prestada é incoerente ou contraditória; que não tomaram a vacina da gripe e consideram que não têm risco elevado em caso de infecção”.