André Ventura em entrevista: “Rui Rio nunca será primeiro-ministro”, se o Chega não entrar no governo
André Ventura diz que quer que o Chega seja a maior força política à direita em Portugal já na próxima legislatura.
Viabilizou a existência de um governo de direita nos Açores. Está disponível também para um acordo nacional com o PSD. Foram anunciadas conversas com o presidente da Aliança agora há dias. Está prevista alguma fusão com a Aliança?
Não. O Chega teve uma fusão com o PPV, como é sabido. O PPV integrou o Chega. Não está previsto que isso venha a acontecer nos próximos tempos em relação a nenhum outro partido. Agora, à medida que o crescimento do Chega se torna evidente – deixe-me dizer que acho que hoje em número de militantes somos o terceiro maior partido português, em número de militantes inscritos na sua base –, é normal que partidos mais pequenos queiram fazer parte da estrutura do Chega ou pelo menos aproximar-se, porque já perceberam que a nível autárquico e a nível nacional vai ser impossível ter maiorias de direita sem o Chega.
O CDS não conta já para o baralho?
Por mim, conta. Mas o CDS está com 1% nas sondagens. Nós estamos com 8%. Temos de olhar para o que os portugueses hoje acham. E a verdade é que acho que já ficou claro, aliás, esta sondagem é muito clara: todos os partidos de direita descem – PSD, IL e CDS – e o Chega é o único que cresce. O que retiramos daqui? Que não vai ser possível fazer nenhuma maioria à direita sem o Chega. Chegamos a este ponto, dir-me-á assim: eles vão manter-se inflexíveis e dizer que com o Chega não falamos, nem queremos nada. Mas, então, diga-me como é que se vai fazer um governo depois das eleições. Porque se todos disserem com o Chega não há nada, então nós também diremos que com os outros não há nada. E ficamos todos no Parlamento alegremente à espera de ver uma maioria – mas essa maioria não vai existir. O Chega não vai baixar desta fasquia, porque este é um eleitorado fidelizado no Chega.
Absorver a prazo o PSD é um objectivo para o Chega?
Não é absorver. Nós respeitamos muito o PSD, eu próprio fui do PSD, aliás, a maior parte dos dirigentes do Chega foi do PSD. O Chega tem o objectivo de ser a maior força política à direita na próxima legislatura. Nunca escondi isso ao PSD, nunca escondi isso ao dr. Rui Rio.
Na próxima legislatura?
Na próxima legislatura. Estabelecemos que em oito anos seríamos o maior partido português à direita – o PS tem a sua matriz própria – e que vamos conseguir fazer isso. De resto, a história dos outros partidos semelhantes ao nosso na Europa mostrou que isso é possível e que o caminho faz-se desta forma. Nós conseguimos marcar a agenda política nacional, (…) marcar os temas na Assembleia. Repare que o Chega só tem um deputado – e não sei quando é que vai haver eleições, se é para o ano, se é no outro a seguir – e conseguiu marcar muitos momentos da agenda política nacional. Com a castração química, com a questão das minorias, com a reforma fiscal, com a questão dos Açores.
Tudo temas polémicos na sociedade portuguesa…
Os Açores para nós nem sequer foi muito polémico. Fomos o primeiro a dizer assim: nós não queremos ir para o governo. Os outros é que de repente criaram um diabo à volta disto. Nos Açores tivemos quase 6%. (…) Eu tinha toda a legitimidade para dizer assim: só há governo nos Açores se os meus deputados forem secretários regionais disto e daquilo. E não o fiz. Dissemos: não, não queremos ir para o governo. Não queremos lugares. A nível nacional ouvi o dr. Rui Rio dizer: comigo o Chega não entrará no governo. Então, se o Chega não entrará no governo do dr. Rui Rio – eu quero dizer isto aqui, deixar muito claro –, o dr. Rui Rio nunca será primeiro-ministro de Portugal.
Então e já disse isso ao dr. Rui Rio?
Não, não lhe disse. Estou-lhe a dizer a si pela primeira vez.
E não gostava de dizer isso ao dr. Rui Rio e ouvir o que ele tem para dizer?
Vou-lhe dizer, certamente. E se um dia, depois das eleições, nos encontrarmos, nas legislativas, vou-lhe dizer exactamente isto.
Mas pode dizer-lhe isso antes…
Posso dizer-lhe antes e depois, mas estou a dizer-lhe já, para ele não dizer que não sabia (…).