Hong Kong: empresário de media pró-democracia Jimmy Lai preso por acusação de fraude

Detenção de dono de jornal antigoverno deu-se pouco depois da condenação dos actvisitas pró-democracia Joshua Wong, Ivan Lam e Agnes Chow.

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Jimmy Lai: o objectivo desta acusação é manchar a sua imagem antes de um julgamento por um crime mais grave TYRONE SIU/Reuters

Jimmy Lai, dono do Apple Daily, um jornal antigoverno e uma das figuras mais reconhecidas pela sua luta pela democracia em Hong Kong, foi detido sem possibilidade de sair com fiança, acusado de irregularidades no contrato de leasing do edifício onde está o seu jornal.

Lai foi detido depois de terem sido conhecidas, na quarta-feira, as penas para Joshua Wong, Agnes Chow e Ivan Lam – 13 meses e meio de prisão para Wong, dez para Chow e sete para Lam, no âmbito de uma lei de segurança nacional aprovada no final de Junho. O crime foi terem organizado um protesto não autorizado em que milhares de pessoas se manifestaram à porta da polícia, um entre os vários protestos de 2019

A acusação que levou à detenção de Lai, 73 anos, não foi feita no âmbito da nova lei, mas foi sim por fraude, sob a acusação de que o empresário e outros dois executivos da sua empresa Next Digital tinham dado informações falsas sobre o uso do imóvel ao proprietário, uma empresa pública do governo de Hong Kong.

Lai foi detido quando se apresentou à polícia depois de ter sido detido em Agosto por “conluio com países ou elementos estrangeiros para pôr em risco a segurança nacional” (entre outras razões). A lei de segurança nacional aprovada no Verão considera subversão, secessão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras crimes punidos com penas que podem ir até à prisão perpétua.

O objectivo, disse Mark Simon, que trabalha com Lai, à Reuters é apresentar publicamente o empresário como alguém com falhas, antes de ser acusado depois no âmbito da lei da segurança. O diário norte-americano Wall Street Journal, que dedica o editorial à detenção de Lai, também diz que este é o objectivo: manchar a sua imagem, preparando depois o palco para a acusação mais grave.

Lai tem viajado frequentemente para Washington, onde se tem reunido com altos responsáveis, incluindo o secretário de Estado, Mike Pompeo, e é considerado um “traidor” por Pequim. O Wall Street Journal diz que a sua detenção é uma mensagem da China, dizendo que não tolerará nenhuma oposição e que usará qualquer acusação de qualquer crime para isso.

Desde a aprovação da nova lei de segurança nacional foram detidas pelo menos 31 pessoas, diz o diário britânico The Guardian.

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