Covid-19: Governo do Brasil aponta vacinação para Fevereiro, governador de São Paulo avança sozinho
Pfizer alerta que Brasil tem poucos dias para definir compra de vacina. Executivo diz que tem já tem garantidas 142,9 milhões de doses de vacinas. Governador de São Paulo avança à margem do plano federal.
O ministro da Saúde do Brasil, Eduardo Pazuello, disse que o país vai começar a receber 15 milhões de doses de vacinas para a covid-19 entre Janeiro e Fevereiro de 2021, com mais cem milhões de doses a chegarem em meados do ano.
O Brasil é o país de língua portuguesa mais afectado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,3 milhões de casos e 173.817 óbitos), depois dos Estados Unidos.
O regulador disse que vai definir as regras para as empresas que pretendem pedir autorização para o uso de emergência das suas vacinas, explicando que as autorizações serão analisadas caso a caso e que para serem consideradas as vacinas devem estar na última fase de testes no Brasil. O regulador disse na quarta-feira não ter recebido qualquer pedido de autorização. A AstraZeneca, a Johnson & Johnson, a Pfizer e a Sinovac têm vacinas em testes de fase III no Brasil.
Na terça-feira, a farmacêutica norte-americana Pfizer indicou que o stock da sua vacina contra a covid-19 diminui a cada dia e alertou o Brasil para que decida rapidamente sobre a compra do imunizante.
“A cada dia o número de doses disponíveis para os países diminui consideravelmente. Diversos países da América Latina, como Peru e Chile, já fecharam acordos com a Pfizer. Não posso partilhar os dados, mas o Brasil tem alguns dias ou semanas para fazer o pedido, e entregarmos a vacina no primeiro trimestre de 2021”, disse ao canal de televisão CNN o director de vacinas da Pfizer Brasil, Alejandro Lizarraga.
O Ministério da Saúde brasileiro informou na terça-feira que a vacina contra a covid-19 preferencial para o país seria de dose única e termo estável, com armazenamento a temperaturas entre os 2º a 8º graus.
Apesar de não ter referido nenhuma farmacêutica em particular, quer a Pfizer, quer a Moderna precisam de temperaturas negativas para armazenar os seus imunizantes por longos períodos.
As duas vacinas das farmacêuticas norte-americanas precisam de ser armazenadas a -70º e -20ºC, respectivamente, e ambas exigem duas doses.
Apesar de não ser exactamente o perfil desejável de vacina para o Brasil, o imunizante fabricado pela Pfizer não está descartado, de acordo com os técnicos do Ministério da Saúde ouvidos pela CNN.
Para facilitar conservação do imunizante no Brasil, a farmacêutica norte-americana desenvolveu um contentor para esse efeito.
“A Pfizer elaborou uma caixa, um pequeno contentor facilmente transportável, que mantém a vacina a -70°C por 15 dias. No acordo que estamos a fazer com o Governo, a Pfizer entrega assim no ponto de vacinação, e a vacina ainda pode ser conservada num frigorífico comum, de 2ºC a 8ºC, por cinco dias. Com todo esse tempo dá para fazer uma logística muito boa”, informou o coordenador dos testes da farmacêutica no Brasil, Cristiano Zerbini.
O Brasil dará prioridade a idosos, profissionais de saúde e indígenas na vacinação contra a covid-19, segundo uma estratégia “preliminar” de vacinação divulgado nesta semana pela tutela da Saúde.
O executivo brasileiro frisou ainda que já tem garantidas, até ao momento, 142,9 milhões de doses de imunizantes, através dos acordos entre a Fiocruz/AstraZeneca (100,4 milhões de doses) e Covax Facility, iniciativa liderada pela Organização Mundial da Saúde (42,5 milhões).
Mas em São Paulo, o governador João Doria disse que quer acelerar a chegada de vacina e que espera fazer um acordo para a vacina chinesa da Sinovac poder começar a ser dada neste estado já em Janeiro, à margem do plano federal de imunização do Governo.
Doria disse que espera receber 46 milhões de doses da vacina CoronaVac até ao final de Dezembro e um total de 60 milhões até ao fim de Fevereiro.