O “grito de silêncio” dos empresários da restauração do Porto

Até 11 de Dezembro um grupo de proprietários de restaurantes continuará em vigília frente à câmara do Porto para assinalar as dificuldades pelas quais o sector atravessa desde o início da pandemia.

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Faltava a tenda para se pernoitar na vigília dos empresários da restauração do Porto interrompida na madrugada de terça-feira. Mas nesta quarta-feira à noite, por volta das 21h, a tenda já estava montada frente ao edifício da Câmara do Porto, onde se juntaram algumas dezenas de proprietários de restaurantes do Grande Porto para lembrarem o momento difícil que este sector de actividade atravessa. 

A noite de vento e chuva não chegou para demover um grupo de donos de estabelecimentos que ali ficarão até de manhã, até serem substituídos, no mesmo número, por outros colegas. Desta vez já com abrigo. São seis em cada turno que ali vão ficar pelo menos até dia 11 de Dezembro. 

“Queremos que nos deixem trabalhar para continuarmos a ter o nosso ganha-pão”, diz ao PÚBLICO João Monteiro, ao lado de dezenas de velas acesas pousadas em fila na escadaria em frente aos Paços do Concelho. É proprietário do Espalha Brasas, em Ramalde, no Porto. Desde o início da pandemia viu a facturação a diminuir cerca de 60%, uma situação que está “a agravar-se nos últimos tempos”.

A seu cargo tem oito funcionários, nenhum em layoff. “Mas estes salários têm de se pagar, assim como todos os impostos inerentes à actividade. Estou a fazer um esforço adicional para honrar os meus compromissos”, completa.

João Monteiro é um dos que vai ficar neste primeiro turno de regresso até de manhã. O seu objectivo é claro: “Esta vigília é um grito de silêncio. É uma vigília que pretende chegar aos altos quadros para que possam saber das nossas dificuldades. Cada mês passa rapidamente, e os salários têm de se pagar”.

Nuno Gomes, dono do restaurante O Palato, na Rua Heróis de França, em Matosinhos, não vai fazer o turno da noite, mas saiu de casa para se juntar aos colegas no protesto silencioso. O seu estabelecimento está na “sala de jantar” de Matosinhos e do Grande Porto, onde se contam dezenas de restaurantes, sobretudo dedicados a servir o peixe que chega todos os dias do mar à lota situada na mesma artéria.

Tem sete funcionários a seu cargo e nas últimas semanas atingiu “90% de quebras na facturação”. O mau momento que está a passar não o faz esquecer os seus pares noutras zonas do país: “Estamos aqui numa vigília solidária com a restauração de Portugal inteiro de modo a que nos possam atender e nos permitam abrir os restaurantes em horário, digamos, normal. Ao mesmo tempo, estamos solidários com os nossos colegas que estão em greve de fome em Lisboa”. As declarações foram feitas antes de o protesto em Lisboa terminar.

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