Chef Ljubomir Stanisic hospitalizado após seis dias em greve de fome
Terá sofrido um episódio de hipoglicemia, que ocorre quando os valores de açúcar no sangue estão demasiado baixos.
O chef de cozinha Ljubomir Stanisic, um dos rostos mais conhecidos do Movimento “Sobreviver a Pão e Água”, foi transportado de urgência para o hospital nesta quarta-feira depois do sexto dia em greve de fome. A notícia foi avançada pela TVI e pela TSF, que explicaram que o chef do 100 Maneiras se sentiu mal durante a tarde. Apesar de Stanisic receber assistência nas imediações da Assembleia da República, acabou por ter de ser transportado para um hospital.
Contactado pelo PÚBLICO, um porta-voz do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) confirmou que um dos manifestantes do movimento (cuja identidade não confirmam) foi transportado para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e que se iria “publicar um esclarecimento” nas redes sociais sobre a situação.
O caso terá sido detectado durante a visita de uma equipa de psicólogos ao local. “O INEM accionou, de forma preventiva, uma unidade móvel de intervenção psicológica de emergência [equipa de psicólogos e técnico de emergência pré-hospitalar] para avaliar a eventual necessidade de cuidados psicológicos dos manifestantes”, explica fonte do INEM ao PÚBLICO. “No local, a equipa do INEM identificou um manifestante com sinais e sintomas que mereciam avaliação médica urgente, tendo sido mobilizados uma ambulância e uma viatura médica de emergência e reanimação.”
De acordo com a notícia avançada pela TSF, tratou-se de um episódio de hipoglicemia — situação que ocorre quando o valor da glicose (açúcar) no sangue desce abaixo dos 70 mg/dl. Ljubomir teria os valores de glicemia entre os 20 e 30 mg/dl.
Citado pela TSF, José Gouveia, um dos dirigentes do Movimento “Sobreviver a Pão e Água”, nota que o grupo precisou de pedir assistência médica porque Stanisic “estava muito fragilizado” e “não estava a responder em condições”. “Nós sentimos que podia ser alguma coisa grave e chamámos o INEM. Os níveis de glicemia estavam muito baixos”, explica Gouveia, admitindo que os seus próprios níveis de glicemia rondavam os 20 mg/dl.
Em conversa com o PÚBLICO na segunda-feira, Stanisic admitiu sentir “quebras de tensão" e “muita fome", mas que não era a fraqueza nem o cansaço que o iam travar. “Isto não abala ninguém. Já estive na Jugoslávia na guerra a passar muita fome e não é esta que me vai mandar abaixo”, sublinhou.
Governo diz-se disponível para encontro
O Governo sublinhou esta quarta-feira que “é falso” que se tenha recusado a receber os manifestantes do Movimento “Sobreviver a Pão e Água” e que “é falso que os sectores da restauração e da animação nocturna não tenham quaisquer apoios a fundo perdido”.
Numa nota de imprensa, o gabinete do ministro da Economia e Transição Digital lembra que “já foram disponibilizados 1.103 milhões de euros em apoios às empresas de restauração, dos quais 523 milhões de euros a fundo perdido” e que a 18 de Novembro existiu uma reunião entre a Associação Nacional de Discotecas, a secretária de Estado do Turismo e o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor (SECSDC).
“Acresce que no dia 1 de Dezembro, em email dirigido ao senhor José Gouveia [um dos empresários a participar no protesto em frente à Assembleia da República], foi reiterada a disponibilidade do SECSDC para voltar a reunir já esta quinta-feira”, lê-se na nota do gabinete do ministro Pedro Siza Vieira.
O Governo expressa, no entanto, a sua preocupação pela “prossecução da greve de fome” e diz que prosseguirá o diálogo com os representantes dos vários sectores mais atingidos medidas de protecção da saúde pública.
Há seis dias que o Movimento “Sobreviver a Pão e Água” tem tendas montadas em frente à Assembleia da República, com os participantes (dez empresários do sector da restauração em Portugal) a recusarem alimentar-se até que o Governo apresente novas medidas para ajudar a restauração.