Biden é uma oportunidade para a Europa – incluindo para a sua própria coesão

Não é só a América que tem de pôr a casa em ordem. A Europa tem de fazer o mesmo, talvez em condições ainda mais difíceis.

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1. Só por si, a eleição de Joe Biden veio desanuviar o ambiente pesado que reinava sobre a velha relação transatlântica, sob a qual foi construída a ordem liberal do pós-guerra. Durante os últimos quatro anos, de respiração suspensa, temendo o pior, a Europa foi convivendo com Donald Trump, tentando manter as aparências de uma relação que sabe que está na base da sua integração, prosperidade e segurança. O “pesadelo estratégico” passou. Ou, pelo menos, a sua versão mais assustadora. Há agora que reparar os danos e criar as condições para renovar a aliança, não com o regresso a um passado que não volta mais, mas procurando adaptá-la a uma realidade internacional que, entretanto, sofreu transformações tectónicas que pouco têm que ver com o actual ocupante da Casa Branca. O mundo vive hoje sob o efeito da afirmação crescente e agressiva da China, do poder crescente das tecnologias e de uma nova e poderosa vaga de autoritarismo que desafia as democracias liberais. Tudo agravado ao extremo por uma pandemia global que destrói as economias e põe a humanidade à prova.

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