João Ferreira aponta falhas concretas a Marcelo

Candidato presidencial do PCP subiu ao palco para dizer que o actual inquilino de Belém não cumpriu aos obrigações que a Constituição lhe impõe. E enumerou-as.

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João Ferreira discursou na manhã de sábado LUSA/ANTÓNIO COTRIM

João Ferreira, membro do comité central e candidato presidencial do PCP que, ao oficializar a sua candidatura, disse que “iria até ao fim”, fez um discurso de campanha no congresso do partido. “Daqui vê-se mais próximo aquele horizonte de esperança”, começou por dizer João Ferreira, pedindo que as eleições para Belém não passem ao lado dos portugueses.

O comunista considerou que Marcelo não cumpriu nenhuma das obrigações que a Constituição lhe atribuiu e concluiu que a sua acção contribuiu antes, “directa ou indirectamente, para degradar as condições de vida dos trabalhadores” e para deixar os jovens “mais vulneráveis” por ter promulgado as novas leis laborais sem as levar ao Tribunal Constitucional.

João Ferreira elencou ainda os objectivos da sua candidatura, que não tiveram "acolhimento na acção do Presidente da República": 

  • valorização do trabalho e dos trabalhadores;
  • concretização do direito à saúde e reforço do SNS;
  • democratização do ensino e da cultura;
  • direito à habitação;
  • utilização e modernização das forças produtivas;
  • controlo público, democrático de empresas e sectores estratégicos, de acordo com o interesse colectivo;
  • igualdade que não tolerar nenhuma discriminação ou violência;
  • protecção da infância, juventude, velhice e cidadãos portadores de deficiência;
  • coesão do território nacional, sem esquecer os portugueses na diáspora;
  • ambiente sadio e equilibrado;
  • aprofundamento da democracia e fortalecimento das suas raízes na sociedade;
  • defesa da soberania e independência nacionais.

“De tudo isto é feito o projecto de desenvolvimento inscrito na Constituição. Tudo isto está, de facto, nas páginas da Constituição. Nada disto pode ser letra morta”, disse o candidato a Belém.

Marcelo, concretizou o candidato, ajudou a promover os baixos salários; caucionou a transferência dos recursos da saúde para os privados alimentando o “negócio da doença”, que “tomou sempre o partido” dos grandes grupos económicos. E só se preocupou com o interior abandonado quando este ardeu – mas desde aí sem “regularidade nem consequência”. Tal como também não valorizou a cultura.

Em suma, Marcelo Rebelo de Sousa “contribuiu para fragilizar direitos, liberdades e garantias, intrínsecos ao regime democrático, algo que a emergência sanitária não justifica”.

João Ferreira vincou que a sua candidatura não é a de um homem só e que assenta num “generoso” colectivo de cem anos de história. Mas vai buscar episódios marcantes da História de Portugal - o mestre de Avis, a recuperação da soberania em relação a Espanha, o derrube da monarquia e a revolução de Abril - para dizer que os portugueses saberão encontrar os “caminhos do desenvolvimento e do progresso”.

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